Dia do Casamento:
Um dia inesquecível
Eu e Miguel jantamos como solteiros num Restaurante da Sé pela última vez, depois ficamos tomando aquele chope gelado na estação da Luz, precisávamos dormir cedo, mas nossos amigos queriam se despedir dele enquanto solteiro. Fiquei junto pra não acontecer nada de extraordinário, sei como são estes amigos, adoram aprontar com o noivo, e o noivo era o meu. Todo cuidado é pouco. Mesmo assim o tempo inteiro via o sorriso maldoso de Gustavo, ele adorava uma brincadeira nestas horas. Depois do chope fomos embora, sorrimos e nos despedimos de todos, eles também sorriam. Miguel um pouco tonto pela bebida, mas estava bom o suficiente para me deixar em casa, ao chegar de frente a minha casa, beijamo-nos e desejamos uma boa noite para nós dois. Esta seria a última vez que ele iria para sua casa e eu ficava vendo-o partir.
Naquela manhã acordei cedo. Não queria ter a desculpa para atrasar aquele que era o dia mais importante da minha vida. Tudo estava pronto há dias: o vestido, a moça que viria fazer minhas unhas, a cabeleireira que viria arrumar meu cabelo. Miguel gostava de alisar e brincar com seus dedos por eles. Os sapatos e meias, inclusive as luvas. Nossas alianças ele garantira que estava com sua tia. Nada iria dá errado. Tomei meu banho, tomei um café, comidas leves para eu não passar mal, dizia minha mãe. Torradas com requeijão, suco de laranja, e uma fruta que mamãe fazia questão de ter à mesa.
Estava na hora de vestir minha roupa, branca, símbolo da pureza, minha pureza. Já era nove horas, o casamento era às dez, como eu iria no carro do meu tio, ainda estava com tempo suficiente, ele já chegara e conversava com minha mãe. Enquanto isso eu pensava em muitas coisas, no tempo de namoro, 5 anos com meu amado, nos 2 anos de noivados, imposição do meu pai, por mim teria pulado esta fase, mas os costumes, meu pai falava, era preciso noivar. E agora faltava menos de uma hora.
Minha mãe gritou.
_ Isabelle... Já estou pronta!
Mamãe era sempre a primeira e depois chamava os outros, gritando era verdade, ela não gostava de atrasar.
Enfim, já colocara o vestido, arrumado o cabelo, colocado os sapatos, depois as luvas. O véu seria colocado por Sonia, a cabeleireira, em frente à igreja.
_ Pronto mamãe. Falei e a vi, vislumbrada, com os olhos marejados. Um sorriso no rosto e aquela alegria de dever cumprido.
Entrei no carro, fiquei atrás, sentada sozinha. Fui pensando na vida, enquanto o automóvel seguia por aquelas ruas desertas, até chegar à igreja, que juntos escolhemos. Meu tio veio e abriu a porta do carro, meu pai já estava me esperando, pegou-me pelos braços e beijou-me, desejou boa sorte. Não entendi o porquê.
Subi as escadas devagar, no ritmo da música, caminhei até o altar para o encontro do meu noivo, que ao lado da sua tia, estava a me esperar. Notei em seu olhar, um tanto pasmo, que algo de estranho estava acontecendo. Nosso casamento já estava marcado há meses, toda igreja estava ali reunida, nossos amigos em comum, nossos padrinhos, meus pais e o pai dele. Sorri e beijei-o retribuindo o seu beijo, dei o meu braço como gesto natural deste encontro. Com os olhares ávidos dos convidados paramos diante do Padre. Ele olhou pra mim e eu entendi então o seu olhar atoleimado, claro, era a primeira vez que estava vestida de noiva diante dele.
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