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Relação Perigosa
triangulo amoroso
Augusto Cesar Pereira

Resumo:
Paulo tem uma amante de nome Maria. Ele é casado com Carmem com quem vive uma boa relação há mais de 25 anos. Carmem mulher tranquila, ama o marido, mas um dia se revela...Pra surpresa de Paulo.

RELAÇÃO PERIGOSA

Maria, 30 anos, formosa e quente como fogo do inferno, vivia um romance clandestino com Paulo, há muito tempo, ele nem lembrava mais desde quando estava com ela, talvez desde tempo de solteiro. Ele por sua vez não escondia sua admiração por Carmem, sua esposa, uma mulher firme, não tão bonita, mas mãe exemplar, não tinha do que reclamar. Estavam casados há 25 anos, formavam um bom casal, para os amigos nada abalava aquela união. Paulo um homem que vivia para o trabalho, só a mania de jogar bola, era coisa que Carmem já estava acostumada, coisa do tempo de solteiro, e ela não ia reclamar. Enfim um casal e uma amásia, numa relação perigosa.
Naquela manhã do dia 25 de dezembro do ano de 1992, ele recebeu uma ligação. Uma voz misteriosa, dizia-lhe: você é o Paulo.
_ hum... Respondeu assustado.
_ Você que é o Paulo?
_ Sim. E quem é você?
_ Escute! Maria foi encontrada morta. Neste instante cai a ligação.
Paulo ficou uns minutos segurando o telefone, incrédulo. Pensou em Maria. Carmem àquela hora ainda dormia. Podia ser verdade, mas não reconhecia a voz, quem poderia ligar pra ele, aquela hora. Alguém queria tirar-lhe a paz.
Maria morava do outro lado da cidade. Ele sempre a via no final do mês. Apesar da beleza, não era exigente, nunca falou em separação com ele. Jamais falou em fazer uma besteira, como muitas mulheres apaixonadas prometem. Não fazem, mas deixam o cara louco. Disso ele tinha certeza, porém aquela voz, o intrigava.
Melhor era ligar pra ela. Saiu sem fazer barulho. Foi na esquina onde havia um orelhão. Discou o número da casa da amante, esperou um momento, ouviu por segundos o som da chamada, mas a ligação caiu. Ninguém para atender. Ligou novamente, nada... Foi ficando aperreado, precisava se controlar. Começou a sua frio, isso podia ser brincadeira da vizinha de Maria, sempre que ia lá, ela aparecia do nada, vinha com conversas sem pé, sem cabeça. Mesmo assim, se fosse a vizinha a voz não era dela. Voltou para casa.
II
Carmem já fazia o café. Ele foi até ela, beijou-a como fazia todos os dias. Ela perguntou:
_ Saiu cedo? Onde foste?
_ Tava conversando com Jorge na esquina. Respondeu. Hoje tem o jogo dos casados e dos solteiros, o último jogo do ano.
_ Espero que vocês não esqueçam, hoje é natal.
_ Já está tudo combinado, terminando o jogo voltamos para casa e depois precisamos está com a família. Sua cabeça não parava de pensar em Maria. O que iria fazer. Será que Carmem iria acreditar neste jogo. Precisava falar alguma coisa, e veio logo essa idéia, embora fosse verdade, o problema era ir na casa de Maria.
_ Senta aí vamos tomar nosso café, falou Carmem sempre sorridente.
Ele obedeceu, sentou-se. Tomaram o café juntos. No pensamento dele tudo não passava de uma armação, uma bobagem de alguém querendo ver ele frito, em pleno natal.
Carmem falou e ele nem escutou.
_ Homem de Deus! Onde estás que não me escuta.
_ Hum! Desculpe, estava pensando aqui em nossos filhos.
_ Parece bobo, olhando a janela, como quem perdeu alguma coisa.
E tinha perdido, não tinha a certeza, mas logo iria saber.
_ Vou sair para o jogo...
III
Saiu tão desesperado que não beijou a esposa. Encontrou com Jorge, falou que logo estaria no campo com eles, precisava resolver um problema. Pegou o primeiro ônibus e foi pra mandacaru, morava no Costa e Silva, teria que pegar dois ônibus. Precisava descobrir o que teria acontecido. Não parou um só instante de pensar nas coisas boas que tinha vivido com Maria. Agora podia dá até Polícia. Não queria nem pensar nisso, uma coisa de cada vez. Sempre tivera muito cuidado, nestes anos juntos com Maria, ela nunca engravidou. Ela desejava, mas ele era cuidadoso, sabia o quanto um filho daria problemas, já bastavam os dele.
Já estava perto, levantou-se. Deu sinal para descer na próxima parada. O ônibus parou. Desceu e foi caminhando até a casa dela. Nada de anormal na rua. Sabia que tendo gente morta, já estaria com muita gente na rua. O povo é muito curioso. Chegou em frente a casa. Abriu o portão. Bateu a porta. Nada. Tornou a bater. Nada novamente. A casa vizinha, alguém abre a porta. Aquela vizinha que ele não gostava.
_ Bom dia, Seu Paulo. Tão cedo aqui, e no natal.
_ Bom dia. Falou com raiva. Você sabe da Maria.
_ Saber não sei, mas ela deixou a chave aqui, disse que era para quando o Senhor aparecesse.
_ Quando ela lhe entregou?
_ Faz dois dias.
Pegou a chave, nem agradeceu. Abriu a porta da casa,era primeira vez, estava acostumado com Maria a lhe esperar todos os meses. Ao entrar apenas uma mesinha no canto da parede, nela estava o telefone. Embaixo dele, uma carta. Olhou para a sala, foi ao quarto, nada, um silencio de arrepiar. Sumira tudo como mágica. Voltou a sala e pegou a carta. Abriu e começou a ler:
“Vou sentir saudades, mas não posso ficar esperando você tomar uma decisão, vou embora para São Paulo. Encontrei uma pessoa, ela vai me dá de tudo, principalmente a presença todos os dias ao meu lado. Cansei. Espero que compreenda. Desculpe, ter mandado ele ligar para você. Não fiz por mal, ele achou melhor assim. Quero que você saiba realmente eu morri, para você”.
Ficou sem entender nada, já passara dez minutos e ele não saiba o que fazer. Lembrou do jogo com os amigos, de Carmem, da vizinha... Precisava devolver as chaves. Não sabia o que pensar mais, afinal escapara de uma provável prisão, ou de uma investigação de algum “tira”, que no mínimo iria usurpar um dinheiro seu. Agora era seguir a vida, viver uma relação perigosa não dava mais. Entregou as chaves a vizinha e nem olhou para trás, a carne era fraca e ela muito graciosa.

IV
Ao chegar em casa teve uma surpresa, na sala, sentado na poltrona macia estava dois senhores desconhecidos. Ao canto sentada na outra poltrona estava Carmem. Deu boa noite. Os Senhores ficaram de pé e responderam:
_ Boa noite Senhor Paulo.
_ Boa noite. Quem são vocês.
_ Delegado Barbosa e o agente Moreira.
_ Que desejam. Falou ele.
_ Estamos aqui para lhe fazer umas perguntas.
_ Se eu puder ajudar. Será o maior prazer. Paulo ficou tranqüilo, não podia imaginar o que seria. Afinal nada tinha acontecido que ele soubesse.
_ Pode sim. O Senhor conhece Maria da Guia, moradora de Mandacaru.
Paulo estremeceu. As pernas ficaram bambas. Estava ali na casa dele e pela primeira vez o nome de Maria era pronunciado. O que falar numa hora destas. Melhor dizer que não.
_ Não conheço. Talvez conheça uma Maria, mas não sei sobrenome, quem sabe ela não é esta pessoa que o senhor me pergunta.
_ Houve uma morte. Maria da Guia, foi encontrada morta, em jacarapé, lugar usado para desovar defuntos, muitas vezes são levados para lá vivos e muitas vezes são jogados por lá. Investigamos e já temos conhecimento que Maria era sua amante.
Paulo ficou paralisado. Não podia negar, mas precisava de uma saída, leu à carta, ela não estava morta, estava em São Paulo.
_ Olhe eu estive lá hoje pela manhã, ela não mora mais lá, foi embora com outro. No canto, sentada, estava Carmem, ela não dava uma palavra.
_ Então senhor Paulo, conhece Maria da Guia.
_ Sim, confirmou ele, não podia mais esconder esta história.
_ Então não sabia da morte da sua amante.
_ Não. Baixou o olhar. Nem olhou para Carmem.
_ Na verdade senhor Paulo, não podia mesmo saber, quem matou Maria da Guia foi Gustavo. Amante da sua esposa.
_ Eu não agüentava mais viver esta vida ao seu lado. Sabendo de toda esta história. Gritava Carmem. Agora quem ficou sem entender nada foi Paulo.
_ Que loucura é essa? Quem é Gustavo?
_ Gustavo é uma pessoa que conheci há dois anos. Ele teve essa idéia maluca, até a carta fui eu que escrevi, ele deixou lá, fizemos a mudança, ninguém se preocupou, falamos que ela pediu. Que havia viajado.
_ E quem matou Maria.
_ Foi o Gustavo. Falou o Delegado. Ele foi detido logo que encontramos o corpo. Ele confessou e sua esposa foi cúmplice. Apesar do senhor ser amante, neste caso não será investigado, sua esposa já confessou tudo.
Paulo caiu em prantos, ficou lamentando a situação. Jamais imaginou que sua esposa seria capaz de arrumar um amante e tramar a morte de Maria, que ele até o momento não sabia como ela descobrira.
_ Carmem, me fale uma coisa, como soube de Maria.
Carmem muito tranqüila. Não se abalou em momento algum. Respondeu:
_ A vizinha de Maria. Carmem sorriu para ele. E foi levada pelo delegado e o agente.

Fim


Biografia:
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