Sou poeta e grande leitor de poesia, gosto, também, de ler crítica sobre isso, mas tenho percebido, já há algum tempo, que alguns críticos estão confundindo gosto pessoal com qualidade poética, o que denuncia que a poesia ainda vive em grupos de amigos que ficam se bolinando mutuamente e pior ainda, na minha opinião, é que estão pregando a forma única, ou seja, querem que os poemas atuais sejam cópias de uns poucos já conceituados.
O linguista e professor Marcos Bagno, que é conhecido pelos seus livros que denunciam o preconceito social por meio da linguagem, não faz ideia de que esse preconceito está agora na poesia. Em algumas leituras percebo que aqueles que fazem poemas com uma linguagem mais simples e menos apurada são tachados de negligentes em relação à arte poética, o que achariam, esses críticos, dos poemas de Oswald de Andrade ou Mário Quintana se publicassem hoje?
Muitos críticos pregam o hermetismo poético, poema bom é poema ininteligível para a maioria. Eu não posso concordar, por minha militância na democratização da poesia. Democratização não é a facilitação. Não. É o convite através de uma linguagem mais simples, longe da simplória, àqueles que não têm o costume da leitura de poemas, ou usando um termo de um amigo meu: Pregar aos não convertidos. O meu sonho é que a poesia ganhe as ruas, de modo mais literal possível.
Não faço apologia à poema de má qualidade, descuidada, mas prego a diversidade de linguagem, já imaginaram as pessoas nos escritórios, nos salões de cabeleireiros, ou em qualquer outra parte conversando sobre poesia em vez de conversar sobre a novela das oito? Sonho? Se depender dos críticos sim, porque o preconceito social jamais permitirá que a poesia fosse algo popular e não de uma elite.
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Biografia: Fabiano Fernandes Garcez nasceu em 3 de abril de 1976, na cidade de São Paulo (SP). Formou-se em Letras, é professor de língua portuguesa, literatura e redação, participou das antologias: São Paulo Quatrocentona e Poemas que latem ao coração, é autor dos livros: Poesia se é que há e Diálogos que ainda restam. |