Durante o feriado, assisti ao filme Mollière cujo um dos temas era o conflito de um conde que tinha título, mas não tinha dinheiro, tentava arrumar um casamento para seu filho com a filha de um comerciante que tinha dinheiro, porém não possuía título algum.
No domingo, fomos, eu e minha família, levar minha sobrinha para sua casa que fica em um condomínio fechado, ao sair um dos moradores veio em direção ao meu carro, colocou o braço para dentro e bateu em minhas costas dizendo que ultrapassei a velocidade de dez quilômetros por hora. Achei que era brincadeira, lógico, só isso justificaria tamanha ousadia, fiquei olhando pelo retrovisor à espera de reconhecer o cidadão e, também, à espera de ele vir me cumprimentar, com um sorriso no rosto e dizer algum nome ou lugar familiar. Ainda acreditando se tratar de uma brincadeira, perguntei sobre a existência da placa de dez quilômetros, só ao ver o andar agitado do cidadão percebi que o negócio era sério.
Então me senti agredido, quem deu lhe direito de entrar no meu carro, minha propriedade, e tocar em mim? Estacionei, nisso meu cunhado e outros moradores apareceram por lá e o guarda/morador/agressor simplesmente disse não ter feito nada.
As coisas ainda não se resolveram, mas me sinto feliz por não ter revidado a agressão, coisa rara hoje em dia. Não revidei por perceber tarde demais que o lance era sério, mas isso foi muito bom, porque não gostaria que minhas filhas, que ouvem de mim que a violência sempre é desnecessária, presenciasse minha incoerência.
Não é o fato de morar em um condomínio de luxo te faz ter educação, classe e fineza, o fato de agir com a não violência, às vezes, é a maior violência que se comete.
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