O poeta quando canta o carnaval, chora o tempo, saudoso e triste, porque esquece o som da palavra cantada, a emoção do verso que não se cala, quando em março, no soluço úmido do convite de São José (para plantar o milho) ou de qualquer outro santo, quer gritar o hino, quer o frevo, sempre ele, é ele que ferve, que é febre!
Os homens mais sérios, quando o ouvem, vestem fantasias para tentar escapar dos seus “dia-a-dias” e acreditam poder viver um outro mundo, uma fábula, três dias que sejam!, por trás da charanga, de uma marcha qualquer e no meio da multidão de desconhecidos que, naquela hora, parecem ser os melhores amigos... Na frente de si mesmos, só colocam o que sempre esteve ali, dentro deles: uma vontade danada de viver um momento único, porque os fevereiros não são iguais, embora os figueiredos possam se encontrar, lá na casa feita de frevo, lá naquele pequeno lugar que fica entre morros redondos e disformes...
A Princesa Serrana, toda vaidosa, tira a máscara e logo mostra, no brilho dos açudes esverdeados – que acordam de manhã bem cedinho, sob o astro-Rei, sua nova roupa para a festa e partilha a alegria de vestido novo com o “Capibaribe-criança”, com aquele curumin, filho da cunhã-chuva que corre solto entre os morros, para se Lambuzar no doce da cana, na mata, nos pés de todas as frutas...
Os bem-te-vis agora assoviam frevo para as alegorias da natureza que são brinquedos de montar que não quebram porque todo ano a gente vai buscar na caixa de sonhos de carnaval, que fica bem ali, no quarto de vida que a gente esquece de ir dormir, mas que lembra quando acorda: chega o carnaval e como é bom chegar nessa casa, como é gostoso chegar em Timbaúba, nessa cidade tão bela, acolhedora e sensual...
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