Em uma certa época do século XXI, havia uma influencer digital com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Ela influenciava onde comprar, como comprar, como se vestir e até mesmo as tendências da moda. O número de seguidores aumentava a cada dia. E perguntava-se qual a fórmula para influenciar tantas pessoas? Ela dizia que bastava agir com naturalidade e falar o que os seguidores queriam ouvir. E qual era a sensação de ser seguido por 1 milhão de pessoas? Ela dizia que era uma sensação inexplicável. No entanto, apesar de ter 1 milhão de seguidores, essa mulher vivia só, num apartamento de uma grande metrópole, e, por incrível que pareça nenhum dos seus seguidores sabia onde ela morava. E eis que em um dia, chuvoso, com relâmpagos e trovoadas a internet não funciona, e esta mulher se viu sozinha naquele imenso apartamento, impossibilitada de levantar da cama com dores insuportáveis, necessitando com urgência de um médico. A única coisa que lhe restava era gritar para ver se algum vizinho que ela nunca havia visto ou conversado, a ouvisse para salva-la. Ela gritava. Socorro, socorro. Alguém por favor, me ajude. E eis que depois de algum tempo um homem e uma mulher se aproximam, chamam uma viatura que passava próximo ao prédio, pedem para os policiais subirem e salvar aquela mulher que pedia desesperadamente socorro. Mas já era tarde. A mulher, apesar de possuir 1 milhão de seguidores no instagram acabou morrendo sozinha naquele vasto apartamento. Ás vezes, assim também é nossa vida, temos a pseudo-impressão de influenciarmos pessoas, só pelo fato de termos seguidores. Somos verdadeiros caçadores de likes, queremos seguidores a qualquer custo, todavia, acabamos vivenciando o dilema proposto por Zigmunt Bauman: “Estamos sozinhos em meio à multidão”. Malgrado estejamos cercados com a falsa ideia de sermos influenciadores e estarmos com pessoas virtuais ao nosso lado, vivemos uma eterna solidão e esquecemos das relações interpessoais, isto é, o bate papo cara a cara, a conversa familiar, o diálogo, o sentar no banco de uma praça e trocar uma ideia com alguém. Vivemos na atualidade, a falsa ideia de estarmos acompanhados quando na verdade estamos completamente só, apenas com amigos e seguidores virtuais, que conhecem apenas aquela foto feliz, aquele vídeo alegre, mas não conhecem nossas dores e frustrações.
Luiz Carlos Souza santos. Em 25 de agosto de 2021.
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