Tenho medo de ser sufocado
Suprimido em minha personalidade
De que tanto me adequo, desapareço
E viro mais um ser padronizado
Eu tenho medo se ser exposto
E assim chamado de um ser ridículo
Com tanto medo, me disfarço
E passo os dias camuflado
Eu tenho medo de ser sincero
E aos que quero, machucar
Não é leve o peso de ser honesto
É mais fácil sentir e não falar
São tantos os medos que carrego
Que de tão contraditórios se acumulam
Os meus sentimentos são antíteses
Que eu levo pelo mundo
Tenho medo de ir embora
Por um caminho não desenhado
E decepcionar àqueles que com tanto cuidado
Planejaram o meu viver
Tenho medo de matar o velho
Ansioso pelo horizonte
E depois de chuva e pedra
Nada de novo construir
Meus medos são fantasias
Fantasmas tão reais
Eu os vejo com mais clareza
Que o concreto na minha frente
Tenho medo de gritar
E com isso perder a postura, a razão e a voz
Não controlar meus pensamentos
E me tornar um ser atroz
Tenho medo de ser agressivo
E quiça, de ser violento
Com na mira os meus objetivos
Destruir por onde passo
Tenho medo de ser passivo
Uma pessoa calma e prestativa
Pois, assim, ser feito de otário
Trepado, depois esquecido
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