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LIRA EO TIO NA ADLESCÊNCIA
Donária Salomon

A ADOLESCÊNCIA.



Lira muda-se do Caminho do Rio para o Carapiá. Mesmo sem saber fazer os serviços, exercia o peso e a responsabilidade da casa, onde residia seu pai, dois irmãos solteiros e mais velhos que ela, Elias (Zoca) e Norival (Velho) e o tio Sebastião. Esse havia solicitado por carta ao afilhado e sobrinho, Antônio também irmão, por sinal o mais velho dessa família. Como vinha dizendo. Pediu ajuda, pois estava doente da bexiga, urinava sem controle. O pobre homem de dor e vergonha acabrunhava-se chorando, quando urinava na cama, aumentando a carga de trabalho para Lira, (Colosso) menina em desenvolvimento. Apesar de ser nova estimava o tio e o queria muito bem, ele era o único tio paterno que conhecia. O tio Fidélis morava em S. Fidelis e o Tio Sebastião era o único que trabalhava na capina, e levava roupas usadas para sua família. Por isso o animava dizendo:
_Tio, não fique chateado, tem tanta água no poço, num instante lavo tudo. E, mijar é tão bom. Senta aí, enquanto eu lavo a gente conversa. Se eu precisar de mais água eu peço e o senhor me ajuda encher as bacias. Não sei se o senhor sabe, quando eu era pequena mijei na cama muito tempo e gostava quando acordava e sentia aquela quentura. Sempre era de madrugada. Quando mamãe desconfiava, eu ainda quentinha passava pano molhado e trocava toda minha roupa. Papai era diferente: Quando ele me via toda molhada colocava mais pano em cima de mim, ai mesmo que eu gostava. Ha! Teve uma vez, que eu e Zoca, ficamos doentes, fomos parar no hospital no carro do Seu José Rodrigues, que o senhor conhece bem.
_ “Já inté me pediu que a hora que eu miorá ele tá me esperando. E a capina dele é boa!".
_Então tio, eu fui no colo de mamãe e Zoca com Izaíde. Eu não vi nada, só sei que acordei numa cama toda coberta, quentinha. Pedi água e minha mãe passou a caneca pela grade. Bebi a água toda, depois dormi. Quando acordei estava dando uma gostosa mijada e fiquei ali sossegada. Quando chegamos em casa, mamãe falava de boca cheia, para todo mundo que eu tinha feito ela passar vergonha molhando o balão de oxigênio. Viu tio? A sacaria mijada já vai pra corda. Mas o senhor sabe o que mamãe fez? Pegou uma pedra, igual aquela ali. (Aponta para a pedra, que esta perto do degrau da cozinha.) Esse tamanho foi o que ela colocou em cima da brasa do fogão, quando ficou bem vermelha levou pro quintal e mandou que eu mijasse em cima, ai tio, foi que, eu senti a quentura. Quando o mijo bateu naquela brasa gigante, não se via a pedra, só a fumaceira que subia. Se mamãe não estivesse me segurando eu ia correr.
_Essa simpatia deve ser boa mesmo, se a comadre fez!
_ Aproveita tio, o braseiro do fogão, enquanto o feijão cozinha, sua pedra assa...


Biografia:
Ainda não tenho.
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