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Entrevista concedida ao FOMEC em 22/03/2009
Lasana Lukata



Nome completo? Cláudio Alves da Silva


* Porque do pseudônimo? Lasana Lukata é uma homenagem a minha avó que era negra. Não há nele ideologia, mas uma questão doméstica. Lá em casa só se falava no branco Joaquim, português. Aí pus em prática o direito de igualdade com esse nome africano, angolano, até porque não sou totalmente branco. Lasana quer dizer poeta e Lukata significa dinâmico. De dinâmico não tenho mais nada.



* Morador de? Sou nascido e criado em São João de Meriti, nasci em casa, numa bacia de zinco, parteira, no Bairro de Vila Tiradentes, na antiga Estrada de Minas, hoje não sei por que, Getúlio de Moura. Colocar Getúlio no lugar de Tiradentes é um pouco demais. Antigamente era Grupo Escolar Tiradentes, Estrada de Minas e Bairro de Vila Tiradentes. Aos poucos foram sendo descaracterizados: o Grupo Escolar Tiradentes hoje se chama Alzira dos Santos e a Estrada de Minas, Getúlio de Moura. Daqui a pouco aparece um desses políticos desmiolados e troca o nome do bairro também para pôr o nome da mãe dele. Moro atualmente em Éden.



* área de Atuação? Poesia e Crônica. Escrevo crônicas para jornais e sites desde 2003.

Alguém o incentivou? Na oficina literária da UERJ, Ferreira Gullar havia falado que um poema meu lido naquela tarde era bom, mas eu estava tão decepcionado, porque havia feito inscrição na Academia de Letras e Artes de São João de Meriti e fui rejeitado. Dali em diante os componentes do extinto Grupo Meriti Fazendo Arte, do qual eu era um dos fundadores, passaram a dizer que eu não era escritor, já que a Academia de Letras havia me rejeitado. Estava tão decepcionado porque era a minha cidade me rejeitando. Então quando ouvi o Ferreira dizer que o poema era bom, fui e me inscrevi num concurso literário do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro e fui premiado. Quando cheguei à oficina e o Ferreira me viu, disse: Você não acreditou no que eu falei com você. Fiz-me de desentendido e o Ferreira se exasperou: Olha, rapaz, se você não escrevesse nada, eu sou maranhense, eu diria na sua cara! Você saiu daqui e foi concorrer com o texto que eu disse que era bom e foi premiado. Fiquei quieto. Gullar se acalmou e continuou: eu não já falei que você escreve, rapaz? Tenha calma. Vai devagar. Andaram me mostrando umas fotos e lá no meio dos premiados estava você com o poema, brilhando...rsrsrs. Tenha calma você escreve e daqui a pouco um fala daqui, outro dali...



* Sua atual ocupação? Sua atual ocupação? Sou trabalhador braçal da Prefeitura Municipal de São João de Meriti, atualmente exercendo a função de vigia noturno.



* Como descobriu sua vocação? Poeta? Ah, eu sempre desejei ser escritor nem que seja por usucapião. Desde pequeno eu ia para os matos detrás da casa da minha Vó Júlia, em Campo Grande , ao som do Rio Guandu pegava o chapéu do meu pai escondido, uma boina, e ficava olhando as fotos do Carlos

Drummond de Andrade e Mário Quintana, imitando a postura deles.



* Você escreve ou escreveu para algum jornal? Escrevo há uns 7 anos para o Jornal de Hoje- Diário da Baixada Fluminense; tenho crônica publicada no Jornal do Brasil(Revista de domingo).



* Já foi premiado? Sim. Tenho premiações em vários estados do Brasil como Rio, Paraná, Minas, São Paulo, Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão e na Itália.



* Já lançou algum livro, Quais? Escrevi um livro chamado "O Amor Encurta os Dias" que hoje renego. Fui precipitado. No mais são premiações em antologias, importantes para a minha vida literária. Destaco duas delas: A antologia de poesia “Próximas Palavras”, resultado de uma oficina literária ministrada pelo poeta Ferreira Gullar na UERJ e 8 Poetas, publicada pela UFRJ

* Planos para o futuro? Lançar um livro de Poesia e outro de crônicas. Quanto ao livro de poesia, a partir de agosto, a Editora VirtualBooks estará lançando 1010 livros, o título é “SEPARAÇÃO DE SÍLABAS”



* Quais os seus ídolos? Não tenho ídolos



* Uma celebridade? Seu Pascoal, morador da Rua Capitão Arruda que passou a vida vendendo pirulito, aquele que colocávamos embaixo d’água para tirar o papel e consertando sombrinhas para completar a aposentadoria. Ele era o maior sucesso entre a criançada. Eternizei-o na Crônica: Zorro X Dom Quixote que foi premiada agora em 2008 no Concurso Professor Horácio Pacheco, da Academia Niteroiense de Letra.



* Comida Preferida? Uma mulher vai encostando seu marido de um jeito tão especial na pia que ovo com bertalha fica maravilhoso.



* O que falta na sua cidade? Biblioteca Pública Virtual nas praças. Nem o Sesc nos ajuda. O Sesc de Copacabana tem internet grátis para a comunidade, Ramos também, Madureira, mas em Meriti tudo é difícil. Por quê?



* Ponto de encontro? Biblioteca



* O que não pode faltar? Amor, mas está faltando e muito; e Secretário de Saúde que seja médico, óbvio.



* Uma frase? Um buquê de pedras também murcha, também perde seus espinhos.



* Um livro que você indicaria? A Arte da Prudência de Baltasar Grácian. Ele, entre outros aforismos, nos mostra que às vezes temos de ser raposa por necessidade.


* Qual a importância da Educação? É ela o principal instrumento de emancipação do ser humano.



* Que pergunta faltou que você gostaria de responder?

Coincidência ou não, nasci no dia 14 de março, Dia Nacional da Poesia. Minha professora disse um dia para outra professora. Não tem jeito. Ele tinha que escrever!

* FOMEC (FORUM MERITIENSE DE CULTURA DE SÃO JOÃO DE MERITI)






Biografia:
Lasana Lukata é poeta, escritor por usucapião, São João do Meriti, RJ.
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