Chegam-me ao coração situações de relacionamento conjugal em que os cônjuges se amam, mas falta uma coisinha só para o ajuste ideal; outras situações em que o machismo ou o feminismo, assume a primazia, tomando ares de superioridade, numa disputa sem fim; situações outras, as mais comuns, por sinal, são as fastigiosas repetições: “O nosso caso é a incompatibilidade de gênios”.
Nestes três tipos de situações percebemos claramente a ausência de duas palavras fundamentais, alicerces de um relacionamento sadio e feliz: a renúncia e o perdão.
Diz-se de um jornalista que foi entrevistar um casal que celebrara suas bodas de diamante (75 anos de casados), numa cidadezinha do interior. Ao dirigir-se ao senhor Júlio – de mãos dadas com a senhora Mariinha – Pedro Pial perguntou: “Qual a receita para viver casados tanto tempo?” Seu Júlio, de noventa e dois anos, respondeu: “Eu sou casado com a Mariinha há 75 anos. Sou alucinado por bico de pão bengala. Pois durante todos esses anos de casado, no café da manhã e no jantar, eu corto o bico do pão e dou para ela”. Logo após, virando-se para a esposa, indagou: “E a senhora, dona Mariinha, o que tem a dizer?” Meio encabulada e falando baixinho, ela arrematou: “Eu detesto bico de pão.”
Tome um saco de carvão, coloque algumas peças brancas no varal representando pessoas que lhe feriram, lhe humilharam, acusaram você, e comece a atirar o carvão – de uma certa distância – para acertá-las. Ao término da brincadeira você estará “leve e livre”. Daí ponha-se na frente de um espelho grande, onde você possa se ver de corpo inteiro. Assombrou-se? Teve medo?
Brancos só os dentes, não foi? Todo seu ressentimento, ódio, rancor, mágoa, daquelas pessoas, voltou sobre você. A fuligem lhe cobriu o corpo inteiro e as suas vestes. Que sujeira!
São exemplos que merecem uma reflexão. Não se pode deixar passar em branco. Por isso é que eu dizia e apontava no início do texto que a renúncia e o perdão são os alicerces onde se fundamentam o relacionamento conjugal.
Mas se vocês – marido e mulher – encontram-se vivendo esses desencontros, uma receita simples, concreta e acessível a todos os casais, tenho certeza os ajudará bastante a superar as dificuldades. É a receita café com leite.
Se você só gosta de café, vai pingando a cada dia um pouco de leite no seu café; e se você, esposa, só gosta de leite, vai pingando a cada dia um pouco de café no seu leite. Você, marido, não se despersonaliza, porque naquela mistura existe café; e você também, esposa, porque existe leite. O café com leite, então, representa o equilíbrio que vocês tanto sonharam. Agora é só entender, e pôr mãos a obra. E assim como o café com leite não dá para separar os dois componentes, muito menos vocês, dois filhos diletos e amados de Deus.
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