Bem diante do tempo,
ou fora dele,
porque são momentos
razoáveis ou lanchantes
da vida,
quero ficar fora
de antemão!
E é por bem querer,
ou não gostar,
não querer saber o porquê,
ou dele não querer deduzir,
hoje tem
coisas a postar
no fundo do coração.
E que seja
mais um dia,
recheado de nódoas
ou baús maltrapilhos,
que guardam sóis
passageiros,
que foi um tempo
e o o mesmo tempo a levou!
E que seja por mais,
ou por menos,
que fique já sabido
e comungado,
não vou sair mais
de mim mesmo,
não vou vestir roupas
de domingo,
nem vou à feira de todo
dia, carregando a bolsa dela!
Nem mais prá cima,
nem para os lados,
nem na direção oposta
dos ventos sem prumo.
Há dias que não
são nossos
e por dever,
e obrigação,
caio neles,
como uma flor despida
e com o sentimento
disparado.
E por tudo isso,
e por mais querer,
neste dia de congraçamento,
que todos se reúnem
para salutar e abraçar,
é que penso:
como está distante
minha realidade
das coisas e das gentes
e do tempo que cerceia a memória
como mata cerrada.
E por tudo isso,
hoje nessa mesa não
sento, não.
Presentes não tenho,
porque não tenho
a quem suposto dar.
Abraços e calor não os recebo,
nem o aviso deles!
E por tudo isso
neste dia
de festa universal,
me afasto
para um canto meu,
que fica moído
de cruzes e
paramentos.
E digo sozinho:
obrigado, obrigado
por me fazer existir
e , agora, em seu canto,
fúnebre,
soa apenas uma canção
de ninar,
pois dela até esqueci
e nenhum tempo me trás de volta
ou me faz lembrar.
Dia assim não quero não.
Dia assim eu passo.
Prefiro ganhar a rua e lá,
remanejado pela luz dos que foram
beijar os que ficam,
aqueles que
os céus me deixaram, e que, cabisbaixos,
tentam, em vão, se consolar em meu
coração e atrevê-lo fazê-lo feliz.
Hoje não dá,
hoje é dia de banda,
dia de abraçar
mas é também
dia de dor,
dia que o sol se
esconde no paraíso!
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