Silenciarás os lamentos e com pouco pudor
Tornarás profana minh´alma.
A carne suburbana
Afogará a decência.
Ah, quero-te tanto e com calma
Devoro-te e sofro
Em mesma cadência.
Cretina, mundana, não sei se te chamas
Maria ou Mariana.
Sei que não amarás
Sei que não te iludes.
Só sei de minha ânsia de hoje
Quando adentras minha câmara
E em meu cubículo te consumo crua
E em meu corpo fatiga tuas unhas
E agarra-te desvairada em meus cabelos
E meu pescoço ostenta
Tuas marcas hematófilas.
Descansa em meu travesseiro
Cobre teus seios
Besunta meu lençol
Com teu meretrício cheiro.
Sai da minha casa, some em plena neblina
Que amanhã te tomo de novo
Em tragos vespertinos
Infestada pelo pecado
A vagar pelas esquinas.
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