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A esperança em Obama e a realidade de uma mala na rodoviária
Reflexões sobre a vitória de Obama e a morte de uma menina de nove anos
oscar maloney

Era por volta das oito horas da noite, a hora do jornal. Liguei a televisão e comecei a assistir. Nos Estados Unidos da América um novo presidente havia sido eleito, seu nome, Barak Obama, foi um dia para ficar na memória. Pela primeira vez na história daquele país o presidente eleito era negro, uma grande vitoria, significativa em muitos aspectos. Não era apenas um presidente negro que estava alí e sim um representante da esperança no mundo.
     Durante toda sua campanha ele falou sobre um lugar melhor, falou sobre paz, reestruturação, ele comoveu, me comoveu e encheu o mundo de esperança.
     Enquanto assistia a matéria me emocionei muito chegando a chorar como as outras pessoas que apareceram na televisão. Era lindo ver aquilo, ver como todos estavam unidos na esperança de um futuro melhor. Me senti feliz por fazer parte daquele momento. Esse é um dos poderes que os meios de comunicação possuem, especialmente a televisão já que estamos vendo o que está acontecendo.
     Então lá estou eu no sofá totalmente emocionado por Obama ter sido eleito, com minha esperança renovada e feliz, por saber que meu sentimento era compartilhado, o que gera a união.
     A matéria seguiu mostrando seu primeiro discurso após saber que havia sido eleito, e que momento, mais lágrimas brotaram de meus olhos me deixando embriagado de tanta emoção, percebi que a jornalista estava chorando também e me senti unido a ela. Naquele momento pensei “é uma das melhores edições desse jornal” e agradeci a Deus por estar ali para ver.
     Assim a matéria teve seu fim e vieram os comercias.
     Eu não esperava o que estava por vir após os minutos de propaganda, nada, absolutamente nada poderia me preparar para a próxima matéria.
     Ao reiniciar o jornal notei que o apresentador já não possuía o leve sorriso no rosto, ele estava mais serio. Quando falou seu tom de voz condizia com a expressão de sua face, também condizia com a notícia que era relatada.
     “O corpo de uma menina de nove anos é encontrado dentro de uma mala na rodoviária”. Aparentemente a criança estava voltando para sua casa após a aula e foi abordada, ela estava desaparecida há 3 dias se não me engano.
     Dessa vez eu não chorei, mas acho que deveria. Acontece que enquanto a reportagem era apresentada todos meus sentimentos anteriores iam desaparecendo progressivamente, dando lugar a novos sentimentos. Cinco minutos antes eu ardia em alegria, esperança e união, mas agora isso tudo fora substituído por raiva, frustração e solidão. Havia um outro sentimento também, esse talvez mais forte que os outros se instalou em mim e custou a me deixar, era a tristeza, pela criança, por sua família e amigos, pela sociedade e por mim. Imediatamente desliguei a televisão e fui ao banheiro, devo ter passado uns cinco minutos me olhando no espelho. Me senti sujo e impotente, estava no meio de uma tormenta de emoções ruins, tentando entender como algo assim pode acontecer com uma criança, era apenas uma criança, então pensei “esse mundo está perdido”.
     Sai do banheiro e fui em direção a cozinha tomar um pouco de água, minha boca estava seca. Enquanto saciava minha sede decidi voltar ao sofá e continuar vendo o jornal.
     A matéria que estava sendo exibida era sobre futebol, um time que precisava da vitória para prosseguir na competição. Eu adoro futebol. Enquanto refletia sobre o que era mostrado percebi que alguns esportes tem o poder de levar o torcedor da alegria a tristeza em poucos minutos, de uma outra forma é claro. Ver aqueles torcedores animados e cheios de esperança me fez sentir-se um pouco melhor.
     Assim, entre reportagens que já não significavam tanto para mim, o jornal foi em direção ao fim. Durante todo esse tempo eu ainda questionava como um único homem e suas ações podem significar tanto seja para o bem ou para o mal. Após os apresentadores do jornal se despedirem as imagens da vitória de Obama voltaram a tela, acredito tenham feito isso não só pela audiência, mas também para reforçar o fato de que estavamos vendo a história acontecer, e mais, para mostrar que ainda existe esperança. E foi assim que me senti.   
     Continuava triste pelo que havia acontecido com a menina de nove anos, mas entendi que precisava acreditar num futuro melhor, acho que é a melhor escolha a fazer


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