Se me dá licença uma prosa vou contá
Não é caso de trancoso
Nem besouro mangangá
Foi acontecido comigo
No sertão coisa e tá.
Havia lá um cabra metido a sabido,
E que por todos era temido,
Conhecido como Alberto
Mas, quando tinha bajulador perto
Queria ser chamado Berto.
Veja só que engranzia
Pois, não é que teve um dia,
Parecendo até coisa feita ou magia;
Nossos caminhos num se foram cruzá.
O cabra era afamado
E dizia o povo que era o tá
Era home das leis cheio de tarará.
Acredite, não era nada disso
Tinha mais era fuá.
Prosa séria cum ele tive de ter
E, logo, humildemente vi
Que o cabra que arrotava sabedoria
De sabido nada tinha,
Porque tudo que dizia, falsa romaria.
Desequilibrado o cabra se mostrou
Porque alguém lhe perguntou
Se ele ainda era o menino do Jumento?
Embrutecido tá gambá na moita
Logo despreparado se mostrou...
Achando-se mais sabido do que tudo
Já falando arto que nem o diabo
Palavras feia retrucou...
E me adiscurpe o meu senhô
Mas não falo o que ele disse,
Cabra desbocado, sem pudor.
Vendo que o tá era só fuá
Dei-lhe corta até se enforcá
Com suas falácias nada dizia,
Povo na platéia dele ri
Porque a cada discurso
Sua própria armadia construía.
Bruto que nem canção
O branco dos oio ficou vermeio
E acalmá o tá não houve meio
Falou sozinho tempo todo
O infeliz, nem tomava forgo.
Como todos puderam ver
Quereria ser sabichão no sertão
E passou o pior dos aperreio
Quando se acha que é sabido
Há de lembrar que não tem ninguém
Que possa perto de si ter um iguá.
Aí, senhô, meu avô há muito diz:
Quando tu escutá muito trovão
É siná de pouca chuva.
E todo sabichão é um mofino
Na hora da discussão.
29 de agosto de 2008, 20h
Robério Pereira Barreto
|