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MISTÉRIO DA MORTE DE ROSANA CARTERI
Conto Espírita
Jonas de Barros Vasconcelos

MISTÉRIO DA MORTE DE ROSANA CARTERI.
O fim de tarde deixava o céu todo alaranjado, a casa onde minha amiga Rosângela morava ficava num bosque circundado por árvores frondosas e um jardim silencioso cujo vento, ao balançar as roseiras, decorava o chão com pétalas aromatizadas.
Eu caminhava em direção à porta principal da casa, mas quando coloquei o pé direito no 1.º degrau, ouvi um choro de bebê, estranhei! Rosângela tinha 23 anos, a mesma idade que eu, e os seus pais já eram idosos, e não poderia ser da sua mãe essa criança. Pensei em bater na porta da sala, mas resolvi dar a volta e chamar pelos fundos para não incomodar o neném que chorava. Ao me aproximar, notei que a porta estava entreaberta e uma roupinha de bebê caída no chão. Nesse momento, senti que alguém havia corrido para o bosque, entretanto, não pude ver quem era. Empurrei a porta com cuidado e chamei: olá, tem alguém aí? O silêncio pairava, fui entrando e tudo na casa estava no seu devido lugar. Como não havia ninguém, resolvi ir embora e, ao sair, encontrei na cozinha uma pulseirinha de cetim rosa que parecia ser de um bebê com o nome de Julia bordado. Peguei e saí da casa, preocupada por não encontrar minha amiga que havia me convidado para visitá-la. O que será que houve? Intrigada, caminhava distraída em pensamentos, segurando comigo aquela pulseirinha, subi na carroça e direcionei os cavalos de volta pra casa. Alguns quilômetros adiante, notei o movimento dos moradores locais, parei a carroça e perguntei: o que aconteceu? Disseram que a casa dos Carter foi invadida e o bebê deles foi sequestrado. Retruquei:
_ Um bebê?
Sim, um recém-nascido responderam. A pobre da mãe está desesperada. Eles então me perguntaram:
_ Você sabe de alguma coisa? _ Respondi.
_ Não sei de nada, para não me comprometer. Mas eu sabia, só podia ser a criança que estava na casa de Rosângela. Será que foi ela quem a roubou? Por que faria isso? Saí da local preocupada e, ao chegar em casa, entreguei a carroça ao cocheiro, entrei correndo chamando por minha mãe. Ela veio apreçada, enxugando a mão no avental e perguntou:
_ O que foi, menina?
_ Mãe, você está sabendo o que aconteceu!
_ Sim, todos aqui na vila sabem.
Pensei contar para minha mãe, mas não tinha certeza do que vi. Na verdade, apenas tinha ouvido um choro de criança, porém, isso não provava que Rosângela era culpada, mas, não podia ser cúmplice de algo tão sério. O que faço? Ela era minha única amiga. Será estar escondendo algo de mim?
Por ser inverno, a noite chegava mais cedo e já estava escuro, então pensei: amanhã vou esclarecer tudo isso. Segurando a pulseirinha nas mãos, adormeci. No dia seguinte, acordei cedo, emborra fosse inverno, o sol brilhava no horizonte e nesse momento me senti estranha, mas não saberia explicar o que sentia. O vilarejo estava calmo, num silêncio profundo, era como se tudo estivesse parado no tempo. Vi a rua deserta e me veio a vontade de tomar um café, mas não o fiz, tinha pressa de voltar àquela casa e descobrir o que estava acontecendo. Abrir a porta e um vento cortante me atingiu de forma incomum. Pensei: será que vou adoecer! Fui procurar a carroça, como não a encontrei, resolvi ir a pé.
Na caminhada, sofri bastante com o orvalho gelado caindo das grandes árvores e com a sensação bizarra de ter alguém ao meu lado que não o via, mas que sentia até a sua respiração e sabia que me monitorava. Receosa, acelerei os passos e, quando cheguei à casa, havia muitas pessoas em torno e dentro da casa. Fui entrando e passando por todos tentando entender o que estava acontecendo. Me deparei com um velório. Vi todo o pessoal da aldeia presente, inclusive minha mãe. Na hora, pensei: será que Rosângela morreu! Fiquei com medo de me aproximar, não gostava de enterro e ainda mais de alguém que quero tão bem. Via as pessoas cochichando entre si e ouvi uma dizer pra outra: ela engravidou do amante e, quando foi descoberta, escondeu a criança. Pensei, não é possível. Rosângela jamais esconderia isso de mim, sou sua amiga desde a infância. De repente, Rosângela entrou e colocou flores no caixão. Quem estava ali? Se não era ela, quem havia morrido? (Por incrível que pareça), ouvir os pensamentos dela que diziam. Vá com Deus, minha amiga querida, se tivesse me falado, não teria sofrido sozinha. Desejo que encontre a luz. Curiosa, fui ver quem estava sendo velado. Aproximei-me e percebi ser eu a morta ali dentro daquele caixão. Confusa, tentei falar com Rosângela, mas ela nem sequer olhava na minha direção. Quando o corpo foi sepultado e todos foram embora, eu não sabia o que fazer ou para onde ir, então notei que a pulseirinha do bebê continuava comigo. Sem compreender a minha situação, pensei, pensei e resolvi ir até à igrejinha que costumava frequentar. O cansaço me abateu como se há vários dias não tivesse dormido, entrei e me sentei no mesmo banco onde sempre me acomodava para assistir às missas de domingo. Esse assento era o 2.º ao lado direito e proporcionava uma visão ampla do altar e toda movimentação que ocorresse ali. Vi quando o padre entrou de costas para os fiéis e organizou o altar. Quando se virou para os assistentes e me viu, levou o maior susto. Ele sabia que eu tinha morrido. Levantei e fui até ele e lhe disse: _ Padre, por favor fale comigo. Sei que você está me vendo. O padre, que era jovem e bonito, abaixou a cabeça de modo que ninguém o visse falando sozinho e me disse: é melhor que saia logo daqui. Você já me trouxe muitos problemas. Respondi. Só preciso saber o que aconteceu comigo, mas nada consegui. Sem sucesso, resolvi tomar pulso da situação, determinada, me direcionei à casa da amiga Rosângela, precisava achar as respostas e entender porque do padre me dizer aquilo. Que me recordo, nunca fiz nada de mal para ele. Nesse caminho, um senhor grisalho, muito gentil que ia naquela direção, se aproximou de mim e, de jeito carinhoso, me disse: Rosana, não vai encontrar resposta naquela casa. Perguntei. Quem é você? Quero te ajudar a encontrar as respostas. Você deve ir à casa do casal Carter, na rua da sua casa, no n.º 26, vou contigo. Eu então rumei para lá enquanto o senhor me aguardava do lado de fora. Ao entrar, dei logo de cara com o bebê no bercinho e me perguntei. Deve ser essa criança que ouvir chorar. Permaneci por dias naquela casa tentando resolver o mistério em torno da minha morte. Aquela altura dos acontecimentos já aceitava que tinha morrido, só não sabia como e por quê.
Até que certo dia juntou na casa o Padre, Rosângela e o casal Carter, a mesa estava posta para o chá da tarde como de costume. Eu sentia fome e frio. Reunidos na sala, eles conversavam animadamente até que o padre puxou o assunto que eu tanto esperava e disse.
— Não foi uma boa ideia, sua Rosângela, me esconder atrás dessa batina de padre. _ Sei, primo, mas não poderia contar isso para ela. Além da tua situação de falso padre ser um foragido da justiça, se soubesse a verdade, ela jamais teria tido um romance contigo.
_. Penso que você não precisava ter tirado a filha dela. Disse o falso padre, e como poderia me casar com ela se a polícia está à minha procura. Necessito é sair dessa cidade antes que descubram toda a verdade. Foi quando a senhora Carter interveio dizendo: vou criar essa criança como verdadeira filha. O falso. Padre retrucou na hora. Foi sua a ideia de roubar o neném para realizar o seu desejo de ser mãe, já que não pode ter filho. É verdade, mas não me acuse, o senhor bem levou uma bela soma para ser o executor. Rosângela interrompeu, atribuindo ao primo a culpa, inclusive por se passar como Paulo, usando até um bigode falso para enganá-la. Ela, envolvida pela sedução do amor, nada percebeu, tornando a tua tarefa bem fácil. Tudo isso me levava a pensar, mas qual deles era o verdadeiro responsável pela minha morte. Como isso aconteceu? Não me lembro de ter engravidado. Então, o homem grisalho que me aconselhou vir até essa casa buscar as respostas me disse. Filha, você já sabe o suficiente, agora deve me acompanhar e seguir o seu caminho. Não, não posso ir, tenho que saber como morri e quem fez isso comigo. Você só vai sofrer, disse ele. Quero saber qual é o mistério da minha morte lhe disse.
O homem, com paciência, respondeu: bem, você tem o livre arbítrio e sempre arcamos com o peso das nossas decisões. Sou o seu guardião, e quando aceitar a minha ajuda, me chame. _ Guardião, respondi, mas o que é isso?
_ O seu anjo, ele disse. A partir daí, nunca mais o vi. Fiquei vagando pela casa dos Carter, na Rosângela e na mamãe até descobrir como morri. Isso, sem me dar conta, levou 30 anos.
Primeiro soube que não era filha da minha mãe, mas filha bastarda do meu pai já falecido, a verdadeira filha dela era a minha amiga Rosângela. Por que mentiram tanto para mim? Perambulei na casa de um e de outro. Um tempo aqui, acolá e num certo dia descobri como aconteceu a minha morte. Surpreendi o fictício padre com Rosângela, apaixonados, trocando juras de amor. Me posicionei no cantinho da sala e ouvi tudo que precisava para libertar meu espírito e seguir um novo caminho.
O pseudo religioso dizia. Prima, eu sempre te amei, não aguentava mais fingir gostar da Rosana, dei um tempo para a criança nascer para dar um fim naquela situação. Ainda bem que tivemos ajuda da mãe, de mentira dela, senão ainda estaria até hoje atrapalhando as nossas vidas. Só discordei foi do assassinato dela, disse Rosângela. Sim, mas o que queria que eu fizesse? Respondeu ele. Logo que a neném nasceu, sua mãe a fez tomar aquele chá para lhe tirar a consciência, a colocou na carroça para que caísse no abismo. Você também ajudou. Todos somos culpados, e cada um tem sua parcela nesse crime. Cansada de tantas decepções, permanecei junto à minha sepultura, decidi que não queria mais sentir a presença deles e fiquei refletindo por mais um bom tempo. Foi então que lembrei do amigo invisível. O senhor grisalho e ele apareceu.                      Eu o recebi cheio de esperança e vontade de ir com ele. Assim que o vi, lhe disse: estou destruída, me leve daqui. Passei mais de 3 anos numa colônia espiritual depois de 30 vagando na terra. Só queria aliviar a dor da minha alma. O mentor me orientou que seria bom que reencarnasse para esquecer todos os acontecimentos dolorosos que sofri.
****               ****
Nota de esclarecimento: (Não sou o autor do conto)
O texto aqui escrito não corresponde ao original narrado pelo mentor José na psicografia “O MISTÉRIO DA MORTE DE ROSANA CARTERI” existente no livro na Biblioteca da Colônia Espiritual “Rosa Branca” escrito em 1873. _ O teor é o mesmo, mas escrevi conforme o meu mental assimilou. Procurei usar o máximo do vocabulário usado por ele.
Eu também não tenho conhecimento se há alguma versão escrita, por isso resolvi editar e divulgar.                               
Divulgar a espiritualidade é também um ato de caridade.
Jonas Vasconcelos.


Biografia:
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