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Rafael da Silva Claro


Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em fim de mandato, veio ao G20, no Brasil. Ele veio cumprir mais um chato protocolo. Pior, na América do Sul! Mas o país da Floresta Amazônica traria muitas surpresas. O presidente estava aguardando com apreensão os mistérios da floresta úmida, bem como, dos povos originários e suas características de homens pré-históricos.

O índio começou seu ritual de pajelança. Devia ser para espantar os maus espíritos. O gringo parecia querer levar aquilo a sério, no entanto, o tênis da Nike roubava a atenção. Não era possível levar a sério um suposto pajé vestido com uma modalidade de cocar e o calçado americano. Aquela cena inesperada eliminava qualquer mistério de estar participando de um ritual milenar da selva.

O aborígene da Rua 25 de Março deve ter recebido algum sinal de que a sessão já ía começar, então, surgiu detrás do mato para iniciar mais um espetáculo. Aquele parente distante dos originais silvícolas devia ter uma picape Hilux na garagem e só arriscaria dizer algumas palavras na língua Tupi: Jabaquara, Tietê, Turiaçu, Caraguatatuba, M’boi mirim e Ibirapuera.

Historicamente, os índios brasileiros sempre apareceram com calções Adidas e pedalando bicicletas Barra Forte e Barra Circular. Isso virou folclore, porém, os indígenas evoluíram e mudaram de patrocínio. No entanto, para uma ocasião como essa, eu imaginava que além de vestir o cocar o ator compusesse o personagem ficando descalço para parecer mais verossímil e enganar os turistas.

Quando vestiam os calções de futebol da confecção alemã e utilizavam as bicicletas da Monark e Caloi, os autóctones apenas estavam exercendo a apropriação cultural que lhes foi concedida.

Embora falsa, a aventura Amazônica não deixou de ser um autêntico “programa de índio”.


Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
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