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Primeva Primavera
Flora Fernweh

Quando criança, sonhava em me tornar florista
Em uma inexplicável contemplação da natureza
Só se poderia sentir a simplicidade da emoção
Como quem furta-cor nos recantos da beleza

Ser em flor, broto que há de desabrochar
Criança-poeta e aprendiz em metamorfose
É o olhar que admira e no futuro mira fazer
Na direção do amor que sonha permanecer

Mas a chuva chega em arroubo juvenis
Na alma florida de pequenos girassois
rega a semente que tão breve espalha
o querer lado a lado, o estar a sós

Amadurece o fruto no solo caído
Doce ventura é a hora de colher
Encontram-se se as respostas
Que o destino irá reescrever

Alegre estação de encantos
Mas as pétalas, já não as levo
Tão à sério quanto uma lágrima
Ainda que bela a flor que carrego

É o canto dos pássaros que sigo
Antes da cor sépia se avizinhar
Anunciando as folhas que caem
No outono da brisa a me soprar

Relembro o frescor da graciosidade
nos pomares da infância em meninice
com a fragrância da sina que me enleva
aguardando nova primavera em meiguice


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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