Ando e, enquanto ando,
as coisas me roçam;
passo por cada segundo,
por segundo a cada passo.
Descubro o desconhecido
de ser pedra rócio
na multidão
que passa por mim,
mas já não vive mais em mim.
Sou sombra gotejada,
clamor do mendigos
e relúcio das poucas
ânsias.
Tudo isso faz
um bordel
ávaro e penoso,
prá quem pensa que
está,
mas socobra a cada
metro,
nas sombras da vida,
que ontem começou
e, agora, acabou,
rútila como um
último beijo.
Saudoso com
a feitura e vôo
das águias
e,sem peja,sem andar,
sei que sucumbo
ao tempo,
e as coisas
que temo
agora:
nada ou ninguém,
está em seu lugar!
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