Quando olho para as pessoas
que me rodeiam no dia-a-dia,
que buscam amainar suas ânsias
e esquecer seus sonhos
em copos vazios de vida,
de bar em bar,
de beco em beco,
rodopiando
ao som da solidão
e do silêncio da sabedoria...
minha alma se angustia
e o coração chora
de tanto amor e compaixão.
Quero dizer alguma coisa,
animar seus espíritos,
levantar seus rostos.
com as minhas,
secar suas lágrimas,
desdobrar seus joelhos
já cansados de lutar.
Como filha de um copo
transbordante
do veneno da morte,
quero dizer-lhes
que voltem a sonhar
por amor àqueles
que os amam,
para que não sofram
o que eu sofri,
para que não chorem,
inocentes da dor,
como chorei e senti.
Quando olho para esses cisnes,
desgostosos de viver,
esqueço meu sofrimento,
minhas dores e lamentos
e meu coração
se torna pequeno
para caber tanto amor.
Maria
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