O Dia do Professor faz lembrar de Kurt Huber e Heley de Abreu. Pessoas que queriam ensinar e tiveram suas vidas interrompidas. Legados deixados são importantes para que a sociedade faça reflexões neste dia tão importante. Kurt e Heley viveram tempos diferentes.
Kurt Huber foi o idealizador do Movimento Rosa Branca com seus alunos e alunas na Universidade de Munique em plena 2ª Guerra. Heley de Abreu foi vítima após um incêndio criminoso em sua escola.
Kurt foi preso pelos nazistas pois desejava o fim da guerra e em sua defesa diante do "Tribunal do Povo" mandou chamar Hitler querendo falar umas verdades. Foi condenado à morte. Heley queria só educar crianças e um louco tacou fogo na escola onde trabalhava.
Ser professor(a) não é fácil. Há um duplo trabalho que ultrapassa a disciplina aplicada em sala de aula. Professores(as) acabam sendo orientadores(as) do cotidiano e a pessoa chave da construção cidadã.
Particularmente, arrisquei este ofício durante algum tempo. Sequer fui tratado como ser humano. Senti-me usado para fins políticos e capitalistas. Vendo que eu não teria como preparar cidadãos e cidadãs, larguei mão.
O mundo mudou muito nas últimas duas décadas. Discentes acham que sabem mais que o(a) docente. Uma grande parcela quer distância dos assentos escolares. O importante é ganhar dinheiro.
Este impacto pode ser sentido no Prêmio Nobel. O Brasil não cria nada relevante e nem laureado é. Quem chegou mais perto foi César Lattes e mesmo assim seu trabalho não foi reconhecido.
Quem obtém sucesso na parte educacional faz pelo esforço próprio. YouTube e Google tornaram-se a voz mais ativa. Professores(as) são vistos como coadjuvantes e não o diferencial. Resumo: estudantes tornaram-se "papagaios de pirata" no século XXI.
Construímos esta sociedade que está aí sem protagonismo aos docentes. É mais fácil entregar aparências do que essências. Basta ter um celular em mãos para dizer que estamos "fazendo" Educação e não é bem assim.
O reflexo disto pode ser visto na prática com péssimos atendimentos em hospitais e clínicas de Saúde, racismo e preconceito diários, uma falta de sentimento e amor pelo ofício profissional. O importante é quanto cai na conta.
A palavra Educação parece não ser o forte do Brasil hoje em dia apesar das "ilhas de avanço". Quando cito que estamos formando zumbis ambulantes não é tirar sarro e sim a constatação da realidade.
Eu fui educado por livros impressos e não tela. Eu criei um caso de amor com os livros impressos. Pode ser que este seja o motivo pelo qual eu tanto cobro educacionalmente meu país. Estarei errado?
A fria tela do hardware, seja computador ou celular, endureceram algumas mentes e corações. É só uma observação minha que pode estar errada e espero que esteja. Sinto falta do(a) professor(a) amigo(a), aquele(a) que conduz ao acerto e não só indica.
Kurt Huber amava a Filosofia e a docência. Heley amava a Pedagogia e suas crianças. Há milhões de docentes pelo mundo que gostariam de entender esta "desvalorização" e os motivos que levam para isto.
Discentes são julgados(as) pelos Enem e Fuvest da vida. Passou na USP é um(a) gênio(a) logo no primeiro dia de aula. Quem ficou de fora será conduzido(a) para a realidade nua e crua da "incompetência". Este cenário precisa mudar.
As mídias criam bolhas ou ilhas da Educação. Basta reformar uma escola e inserir tecnologia computacional que discentes viram pessoas que chegaram de outro planeta e farão uma super revolução do ensino nacional. Pura balela.
Vemos sim uma sociedade despreparada educacionalmente e profissionalmente. Gasta-se dois ou mais tempos precisando reforçar aquilo que não foi ensinado. Temos um "delay" que precisa ser ajustado para sermos intenacionalmente competitivos(as). Mudemos.
Desejo aos professores e professoras que sigam em frente diante do cenário caótico que vivemos. Façam greves quando necessário, cobrem políticas assertivas e conduzam a nação. Se cheguei onde cheguei é porque estava em ombros de gigantes! Obrigado por tudo.
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