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🔵 Vendo os anos passarem
Rafael da Silva Claro


Estávamos no Lago, a cerveja esquentando na latinha, o assunto reticente, monossilábico e escasso, bem como o olhar perdido num horizonte imaginário empregavam drama àquela falta de perspectiva. Esse desânimo não era nada mais que cansaço da festa no apartamento de uma colega de escola. Apesar do real motivo da cena melancólica, a imagem mental dos amigos incertos quanto ao futuro gera uma narrativa poética.

Junto à Matemática, Física, Química e Biologia, eu passei incólume ao cigarro (Derby e Lark) e ao Truco. O final do colegial me habilitava para uma incerta faculdade, e o salário baixo possibilitava que trocasse minha latinha de cerveja. Isso não significava algo digno de ser comemorado, mas eu anunciei a “saideira” com certo orgulho. Talvez, esse comportamento refletisse o sentimento próprio de quem já vinha há muito tempo curtindo a vida, não como a maioria que elege um acontecimento para iniciar alguma coisa.

Aquela palhaçada, digo, a cena do Lago era um “remake” mal-executado do final do ginasial, que também foi comemorado com uma festa. Tudo se repetia: a dúvida quanto ao futuro, porém com a cerveja e a melancolia de fim de expediente.

Pois bem, interpretei aquele climinha de quem se encontrava em depressão porque estava em dúvida se ía para o Canadá, pra fazer intercâmbio, ou ficava no Brasil, cuidando das empresas do papai. Nada contra, muito pelo contrário, mas isso nunca foi a minha realidade, eu nunca ganhei um pônei. Para mim, não convencia eu bancar o rebelde sem causa.

No entanto, cumpri meu papel social naquele cenário, achando que meu amigo esperava que aquele dia fosse exatamente daquele jeito. Por alguns momentos, fingi que não conhecia o olho do furacão e “vesti a fantasia” do ex-estudante que tinha que se encaixar no inóspito mercado de trabalho.

Encerrei a embriaguez meditativa. Para mim, o fim de semana estava apenas começando e segunda-feira era dia de trabalho; para o meu amigo, tudo havia de começar. O grande risco é ficar falando: eu era feliz e não sabia.


Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
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