Queria ter interlocutores em todos os lugares. O fato é que não sou tão sociavel assim: não gosto de futebol, coloco questões desconfortáveis, não me sinto querido exceto dentro da família que construi entre quatro paredes.
Isso é um pouco morrer em vida. Aos poucos, torna-se uma máquina de fazer coisas, um número que produz mais números. Seus pensamentos já não importam mais.
Eu podia ter feito muito além disso, mas não tinha clareza, não podia ter. Eu não sabia que permanecer na "fazeção", como diria um erudito da corte estatal, desembocaria no enfado. Achava que poderia enchê-la com minha pensação.
Mas o mundo do trabalho não comporta. Deixar a "fazeção" pode comprometer a máquina toda e os fazedores superiores. Estraga os números.
Se o fazedor estragar, coloca-se outro no lugar dele. E não importa muito se o fazedor é excelente. Sua falta de excelência estraga menos a máquina do que seu pensamento.
Shoio 03/02/2023
|