A trágica notícia com o povo Yanomami que chegou pela mídia em Janeiro/2023 mostra que não estamos nem aí para cuidar do nosso país. Vale o poder econômico e consumo, pouco importando quem irá morrer neste processo capitalista. Não estamos nem aí para ossa Memória e nem nossa História. O reflexo disto é que estamos dia após dia sendo omissos(as) e acelerando o processo de extinção da vida humana e outras espécies na Terra.
Há muita gente interessada na morte dos grupos indígenas no Brasil com intuito de avançar sobre os ricos territórios que são deles(as) por direito natural e jurídico. O Brasil será responsabilizado pela omissão e desleixo com tais povos. Pessoas terão que responder juridicamente no Tribunal de Haia por favorecimento ao genocídio. Não é momento para deixarmos somente nas mãos da justiça e precisamos cobrar firmemente uma postura que resolvam os problemas indígenas e penalizem os culpados.
Percebe-se que o Capitalismo agressivo e desinteligente está causando severos danos ao país, provocando vítimas e pouco importando quem morreu ou não. Assusta saber que as ações deste Capitalismo efetuadas por mãos gulosas por riquezas materiais e territoriais certamente continuará. Mariana e Brumadinho em Minas Gerais ainda sentem os efeitos práticos da exploração mineral inconsequente e irresponsável. Há grupos indígenas que estão impossibilitados de viver nas terras que sempre ocuparam.
Tudo indica que o mundo está partindo para seu fim. Não haverão alimentos para tanta gente com a qualidade natural e sim cheia de elementos químicos tóxicos para sua manutenção. A água é um recurso desperdiçado em abundância e as terras agrícolas estão ficando esgotadas. O indígena é o nosso termômetro da natureza avisando possíveis problemas e estamos eliminando quem poderia nos ajudar. No fundo, pratica-se um suicídio coletivo ao médio e longo prazo da espécie humana.
A História prova que os indígenas e negros tornaram-se cativos, suas vidas foram usadas para fins capitalistas e enriquecimento de outras nações. Milhões de pessoas pagaram com suas vidas o preço do Capitalismo agressivo. Sabemos que não há Consciência Indígena e Negra em nosso país de forma real e prática. Alguns abnegados que tentam com seus poucos recursos manter uma luta contra a desigualdade econômica e social destes povos.
Acredito que entramos na era da desumanização. O importante é ter grana e dane-se. Falar que a Amazônia precisa ser cuidada é fácil. O difícil é levantar a bunda da cadeira e protestar contra os problemas ambientais, a tentativa de genocídio de grupos indígenas, cobrar uma postura real e prática das esferas públicas. Atuar como Pôncio Pilatos terceirizando a solução do problema para o Judiciário e trocar o canal da televisão quando a realidade aparece é mais cômodo.
Assusta a humanidade passiva e omissa, especialmente, em terras brasileiras. O povo brasileiro é bom para tirar o corpo fora, arrumar desculpa. Alega que é defensor da natureza e só lembra de indígenas no Carnaval com a ideia de desfilar nu visando se auto promover para o capitalismo midiático. A verdade precisa ser dita. O problema ultrapassa a esfera do dinheiro investido para recuperar os danos causados. Ele é permanente e com pouca solução neste momento.
O povo brasileiro parece ter perdido a vergonha na cara. Os ataques contra a Democracia em 8 de Janeiro não tiveram respostas suficientes. Os nossos irmãos e irmãs indígenas, negros, pardos, são massacrados(as) diariamente e por diversas formas e nada fazemos! Brasileiros(as) não somos. Amamos nosso país? Acredito que não porque se amássemos cuidaríamos muito bem dele, politicamente e socialmente.
Os casos de Mariana e Brumadinho, a boate Kiss, a morte da professora Heley de Abreu com alunos e alunas, Genivaldo e João Alberto, as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, Dorothy Stang e Chico Mendes, indicam que o Brasil precisa parar e repensar com urgência o país. Terceirizar aos políticos é uma forma de atuar como Pilatos. O brasileiro descobriu a melhor forma de omitir-se agindo desta maneira. Meus pêsames ao povo Yanomami. Vamos às ruas antes que o mundo acabe!
Vander Roberto é Analista de Sistemas, Especialista em Engenharia de Software e estuda História Afro-Indígena.
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