A importância de um método para a realização de atividades científicas relacionadas ao saber é sinônimo de metodologia, que possibilita a compreensão dos meios que edificaram um conhecimento. A segunda parte do Manual de Metodologia da Pesquisa em Direito discorre sobre o método científico e os procedimentos técnicos que regulam a produção de saberes no meio acadêmico. A partir dele, os autores estabelecem questionamentos instigantes que serão respondidos conforme as análises teóricas que serão elaboradas.
Conclui-se que o objetivo da ciência é a busca pela verdade de forma sistemática e se diferencia de outros tipos de conhecimento em razão da possibilidade de se verificar os resultados obtidos. Em meu entendimento, isso se deve à existência de um método que facilita a análise minuciosa de cada etapa de elaboração de um conhecimento, sendo o método metaforicamente comparado a um caminho para se alcançar determinado objetivo, o que o torna indispensável à produção científica.
São identificadas nove etapas primordiais para a investigação. São elas: o descobrimento do problema, a sua colocação, a procura de instrumentos e conhecimentos relativos a ele, a tentativa de sua solução pelos meios identificados, a invenção de novas ideias e dados empíricos, a investigação das consequências da solução obtida, a comprovação da solução e a correção dos procedimentos empregados. Tais etapas não são o suficiente para a construção científica completa, mas fornecem uma base sólida de pesquisa, visto que o método tem um caráter muito mais ativo que sua submissão a regras rigorosas.
É importante ressaltar que não há um método universal, o que me conduz à reflexão que do mesmo modo, não há somente um único tipo de conhecimento. Ou seja, a escolha do método é refém do objeto de estudo ao qual ele se dedica. Os autores utilizam-se de comparações com a realidade para explicar a relação existente entre método e estratégia. Após o estabelecimento do método, é crucial se pensar em colocá-lo em prática. Nesse ínterim, encontra-se a técnica, que se refere à aplicação metodológica e se compara com uma tática. Ou seja, o método é definido como uma forma lógico-comportamental-investigatória que se realiza pela via da técnica. O termo “técnica”, contudo, é bastante amplo e não diz respeito somente ao elemento formal, mas também à garantia de transparência e objetividade em uma esfera multidisciplinar.
A meu ver, os autores retratam a interdisciplinaridade anteriormente mencionada alegando que os campos do saber que exigem um método, podem ser considerados ciências. O método pode se subdividir em diferentes formas de organização do raciocínio lógico e coerente. Além disso, é curioso descobrir que os referenciais teóricos são metodologias muito consistentes, que permitem uma continuidade da produção de conhecimento, e ao qual se vinculam as perspectivas ou matrizes teóricas. É inegável também o papel instrumentalizado dos métodos auxiliares, a partir do qual o pesquisador poderá criar um tipo de conhecimento válido e contundente.
Adiante, há uma descrição detalhada de cada método científico, a começar pelo método indutivo, visto que se fundamenta em premissas que levam a conclusões mais vastas do que o conteúdo estabelecido, notando-se um movimento que parte do particular e se orienta para a generalidade marcada por padrões. Na contramão do raciocínio indutivo, o método dedutivo parte de argumentos gerais para buscar conclusões particulares, visto que se estabelece uma ideia de lógica quanto à verdade das premissas básicas, limitando-se, em última medida, a elas. Essa estrutura que designa a dedução é denominada silogismo, de verossimilhança e forte apelo formal.
Outro método examinado pelo autor é o hipotético-dedutivo, de cunho experimental, cujo ponto de partida é uma hipótese ao invés de uma premissa incontestável. Nesse ponto do Manual, os autores citam Karl Popper no ramo da validade científica por meio da probabilidade, de soluções temporárias conjecturais, além de sua renomada teoria da falseabilidade, que pressupõe uma análise empírica. Há ainda o método dialético, a partir do qual pude traçar interessantes analogias com o livro lido anteriormente, intitulado “O que é dialética”, de autoria de Leandro Konder.
Para explicar tal método, que se baseia em uma síntese resultante do embate entre a tese e a antítese, os autores recorrem a uma breve análise histórico-clássica, desde os filósofos gregos até a concepção de Hegel e Marx. Por último, há uma alusão ao método sistêmico, que obedece a um parâmetro organizacional cujos elementos estão coordenados entre si, com aspectos dinâmicos e em comum.
Sob um ponto de vista pessoal, a leitura acerca do método e de suas implicações científicas bem como de seu aparato teórico, foi bastante enriquecedora ao proporcionar uma visão mais regrada e amplificada de estruturas do conhecimento que se fazem presentes no meio universitário e nas etapas do estudo humano, sendo fundamental para a compreensão de nossa postura enquanto criadores do saber.
Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Direito
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