Qualquer que seja o caminho,
Se vou em grupo ou se vou sozinho,
Se estou a pé ou de carro,
Se tenho fé ou me calo,
Se vou com medo ou coragem,
Vou sem sequer ter vantagem,
Sou sem querer caminhante,
Não sei mais qual meu semblante,
Só sei que ando sem rumo,
Pra ver se um dia me arrumo,
Quem sabe até seja tarde,
O sol na pele me arde,
Me queima dentro e por fora,
De dia ou qualquer hora,
Agora vou perguntar,
Quando vou e qual o lugar,
Eu posso até ficar mudo,
Se estourar ainda vou ficar surdo,
Mas nunca posso deixar,
Mesmo cego quero enxergar,
Pois sei que não faz sentido,
Ter passado e não vir sem ter ido,
Ver futuro e não ser sem ter sido,
Ter seguro e não ter me ferido,
No presente não me faço rogado,
Não ausente me traço no passo,
De semente sem mente disfarço,
Mas eu faço o meu próprio laço.
Parei...
A matéria prima da minha arte,
É o momento que se reparte,
Entre o real e a fantasia,
O tempero da minha obra,
É o resto, é o que sobra,
Da minha vã filosofia.
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