vi uma ave voar
vi uma ave
de plaino
azul
bordeando o céu.
lá na casca,
lá no antro
do mundo,
onde o sol
custa a nascer
e a lua vem
em pranto.
lá longe
onde morrem
amores,
lá onde não
existem
pontes.
lá,
onde
moram
somente
rumores
dos falidos
de dor.
lá onde,
em sofreguidão,
os homens
morrem cedo
e a solidão
nasce logo,
prateada,
mas encerada
de sós.
lá onde homens solitários
flecham os céus
com um falso poder !
vi uma ave voar
vi uma ave voar...
e depois, zoada,
a vi morrer!
Atordoada pela dor
da ferida.
ela rompeu de queda,
o céu azul,
para felicidade dos
homens
argutos
que matam
por alegria,
em nome de uma glória,
que acaba não sendo
glória,
mas argamassa
dos infelizes.
|