Vi de repente
você partir.
O que já era coisa esperada
virou premente.
Vi você negrir,
mas sugeri:
era coisa de dengo,
de amor ferido,
de chagas abertas,
de aparatos sem tempo.
Coisas passageiras
que o tempo se distrai
e acaba por esquecer.
Mas você se foi
assim como chegou:
avessando duas malas e
uma cachemira vermelha.
Foi igual a uma garoa
de molhar.
O tempo passou e você
pra lá foi.
Então a história se fez:
um dia você partiu
e de lembranças só
deixou
uma foto lavada
de soidão.
E a conclusão veio logo
aquilo que se vive
com muito ardor
acaba morrendo
na imensidão
de uma caixa que costura a dor !
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