QUANDO ATRAPALHEI CARLINHOS
Relatarei uma história ocorrida em minha Infância que só a pouco tomei conhecimento através de conversa com o meu irmão que sempre teve uma memória privilegiada.
Quando criança estudávamos em colégio interno e o regulamento previa apenas uma saída no último fim de semana do mês.
Evidente que pensávamos em utilizar o máximo essa regalia.
Eu e Ozias, com outros colegas aproveitavam para gastar todas as nossas energias.
Tínhamos uma tia que morava num prédio na Rua Joaquim Nabuco, quase esquina com Raul Pompéia à esquerda de quem vai para o arpoador, o edifício era típico da época - três andares com varanda e sem elevador. O apt era de frente, a casa ao lado morava um Ilustre brasileiro que devia sentir muito com a nossa baderna.
Engraçado que o prédio não dispunha de garagem, mas tinha um apt abaixo do nível da Rua era a moradia do zelador e um quarto que minha tia usava como depósito. Seu Sílvio, o porteiro tinha um casal de filhos, Antonieta, mais velha e Carlinhos, que fazia parte da nossa turma.
A razão de usar a casa da tia BIZECA, era à proximidade da praia e o fato dela, naquele tempo possuir aparelho de televisão, o que era uma coisa rara.
No fim de semana de folga do colégio a tia ficava preocupada porque seu vizinho querido Carlinhos não tinha clima para trabalhar.
Ouvíamos ela dizer: Carlinhos chegou. — Carlinhos está em casa. Assistam tv. sem barulhos. - Carlinhos esta escrevendo e precisa de silêncio. - Vocês prometem?..... - Se ficarem quietos prometo trazer um lanche bem gostoso......
Hoje numa justa homenagem ao ilustre vizinho Carlos Drummond de Andrade, Escritor, Poeta, Contista e Cronista, é reverenciado num banco da praia de Copacabana em frente a rua onde morava.
Carlos Drummond de Andrade, que minha tia chamava de Carlinhos a quem incomodei algumas vezes na infância e a tia BIZECA trago as minhas escusas pelo incomodo causado no passado e rogo a DEUS, que os abençoe e ilumine na caminhada rumo ao eterno.
Autor: Jonas Vasconcelos
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