| O homem sai pela rua, Selma guarda o endereço dele no bolso, dentro de casa, ela ajuda a filha secando a louça que a menina lavara.
- Mãe.
 - Sim.
 - Quem é este homem?
 - Você não se lembra não querida, ele foi meu esposo ha muitos tempo atrás.
 - Então, ele é o..............
 - Não, querida, ele não é seu pai, se fosse eu teria te dito, mais ja que me perguntou ele trouxe noticias de seu pai, você quer saber?
 - Sim.
 Selma conta tudo a garota que Cícero lhe dissera.
 - E então?
 - Bem, não imaginava que meu pai fosse um ser tão ruim, assim.
 - Não filha, quando eu o conheci ele era tudo menos isso, na realidade a errada fui eu, era casada e tinha um marido, ele era muito jovem e.......
 - Mais ele não te cuidou, deixou que esse homem ai te mandasse embora, a senhora passou por tantos e ainda quer defende-lo mãe?
 - Ficou tudo no passado querida, não falemos mais disso, por favor, agora preciso saber, quer que eu tente fazer com que veja seu pai, o conheça e fale com ele?
 - Não sei, um lado meu diz que sim, ja outro diz que não.
 - Pois pense querida, só não se esqueça, bem ou mal ele é seu pai.
 - Eu quero, sim, eu quero ver o meu pai.
 - Vamos fazer o seguinte, vou ligar para uma freguesa antiga minha, o filh dela é policial, quem sabe ele não consiga para a gente uma visita.
 - Por favor mãe, obrigado.
 - Vamos ver, tomara que dê certo.
 
 100621...…
 
 
 
 
 
 Selma entra no hospital junto de Priscila e um casal, mãe e filho.
 - Muito obrigado dona Laura.
 - Nada, querida a gente é para isso um ajuda ao outro.
 Leonardo é o primeiro virar o corredor e quando elas chegam a porta do quarto.
 - Tudo certo, consegui mais terão pouco tempo.
 - Muito obrigado sr Leonardo.
 A porta é aberta, Selma entra e Leonardo junto que fala ao policial ali de guarda, Priscila entra depois.
 - Selma, é você?
 - Olá Humberto.
 - Como, como soube que estaria aqui?
 - O Cícero, ele esteve em minha casa.
 - Então ele te achou.
 - Como assim?
 - Depois lhe conto, e essa garota, é sua filha?
 - Sim se chama..........
 - Priscila, meu nome é Priscila.
 A menina olha para ele com certa alegria no semblante, logo seus olhos enchem de água.
 - Não me diga que........
 Selma olha para ele.
 - Sim, é minha e sua filha.
 - Eu sou pai?
 - Sim, há 13 anos.
 - Nossa.
 Priscila se aproxima dele aos choros e Humberto tenta abraça-la, mais ele sofrera algumas cirurgias e remoção de balas.
 - Pai.
 - Filha.
 - Então este é o meu pai.
 - Sou eu, seu pai e você é a minha filha.
 - Eu quero conhece-la melhor, saber de seus sonhos, gostos, você trata bem sua mãe?
 - Eu amo a minha mãe.
 - Meu Deus, eu tenho uma filha, filha, eu tenho uma filha.
 - Pai.
 - Que vergonha sinto da forma com que esta me conhecendo.
 Humberto sente forte dor com estocadas por dentro como que seu corpo fosse dilacerado.
 Selma se apavora, logo enfermeiros e médico ali para examinar Humberto.
 - Selma.
 - O que foi, fique em silêncio deixe eles te examinarem.
 - Por favor me ouça, fique aqui comigo, não deixe nossa filha junto dele.
 - Dele quem?
 - Cícero, me ouça Selma, ele não presta, ele não é nada do que aparenta.
 - Humberto, o que diz?
 - Não fique perto dele, não deixe ele frequentar sua casa.
 - O quê?
 - Ele matou a mulher dele, aquela, a Elisabeth, foi morta por ele.
 - Não pode ser.
 - Acredite no que te digo, ele não é bom, se tornou igual ou pior que eu.
 As dores ficam intensas e a visita é finalizada ali por ordens médicas, Selma sai com a filha pensativa naquilo que ouvira de Humberto.
 Dois dias depois, Humberto falece e ela e Priscila vão ao cemitério no enterro do mesmo, Giovana se aproxima delas.
 - Obrigado por virem.
 - Tudo bem.
 - Selma, sei que guarda mágoas de mim, mais.........
 - Giovana, hoje eu sei, nunca fomos amigas, comadres por conveniência, mais não guardo nada de ruim de você.
 - Obrigado.   Um abraço sela ali as duas.
 Giovana se intera dos fatos e assim fica a saber que é avó de Priscila, não escondendo sua felicidade diante ao dito, dias depois, ela vai em visita a casa de Selma, entregando para esta uma carta e um caderno, espécie de diário que Gio encontrou nas coisas do filho morto.
 - Olhe, eu trouxe por que nestes há algumas coisas escritas que podem lhe interessar.
 - Tipo, o quê?
 - Leia com atenção, calma, por favor.
 - Esta certo, sim eu vou le-lo, obrigada.
 As duas ficam ali papeando até que Gio se despede.
 - Bem, acho melhor eu ir, tenho algumas coisas para fazer e também não quero ficar te atrapalhando.
 - Quando quiser, pode vir, gosto muito de receber visitas ainda mais a da vó de minha filha.
 - Obrigado de todo coração que pode nos contar, me deixar participar junto de vocês desse momento divino, uma neta, não imagina o quanto estou adorando isso tudo.
 - Eu sei, e me desculpe senão o fiz antes é que tinha minhas razões na época, venha quando quiser.
 - Te entendo e mais uma vez obrigada, ficarei por um tempo sem poder vir por que irei me mudar.
 - Para longe, por que?
 - Vou para uma fazenda, sabe, conheci um capataz ai, decidimos morar juntos.
 - Que bom Giovana, você merece a felicidade.
 - Nós merecemos, não se esqueça disso viu.
 - Vou me lembrar sempre.
 - É sério, não foi por que no passado aconteceu o que aconteceu contigo e o Cícero, aquele canalha, não vai ficar ai, vá a luta conheça um homem que te fará bem e tratará sua filha, minha neta com o amor que Humberto não teve para com as duas.
 - Obrigada Giovana.
 - Tchau.
 - Tchau.
 
 
 
 
 Selma abre o caderno após terminar um vestido, Priscila fora para a escola, ali sozinha, ela inicia a leitura deste e logo se assusta com o quê lê.
 Horas ali a ler até fechar o caderno e inicia a leitura da carta quando.
 - Mãe.
 - Filha que horas são?
 - Já quase 12 horas.
 - Céus, me perdi aqui lendo as coisas de seu pai.
 - Me deixe ler.
 - Depois filha, infelizmente há coisas aqui que você não deveria saber.
 - Por que mãe, a senhora mesma disse que não vamos ter segredos?
 - Esta certa querida, só me deixe terminar isto.
 - Tudo bem, mãe.
 - Agora vá se trocar e eu vou preparar nosso almoço.
 Logo ali na mesa arroz, feijão, abobrinha batida, torresmo e salada de alface.
 - Nossa mãe que delicia.
 - É, eu tinha quase tudo já feito e guardado na geladeira.
 - Por isso te amo mãe.
 - Nossa, só pela comida, é isso?   Risos.
 Depois do almoço, Priscila vai descansar em seu quarto, Selma guarda o restante da comida e lava a louça deixando esta no escorredor.
 Terminado ali ela continua na leitura da carta até terminar, ela vai ao banheiro lava o rosto e se olha no espelho, arruma os cabelos e passa batom nos lábios, sai para o quarto onde Priscila adormecera e deixa um recado no criado saindo.
 Dentro do táxi, Selma lembra-se de cada trecho do caderno e da carta e quando o motorista para o veiculo ela desce deste num vestido simples porém muito bem feito por ela, caminha por uma rua íngrime e entra numa viela até parar frente a um grande portão de madeira.
 Ela bate palmas até que sai ali um garoto de bermuda.
 - Olá, você pode me dizer se aqui mora um senhor por nome de Cícero?
 - Cícero, ah sim, um velho safado, mora no último quarto.
 - Obrigado.
 
 140621....
 
 
 
 
 
 
 
 
 Selma anda lentamente olhando todo aquele ambiente, crianças, velhos, mulheres, falando alto, outros a observando, um cachorro tenta uma investida mais é parado pela sarna e pulgas se coçando todo ainda rosna para ela.
 Bem no meio do terreno parte calçado e parte em pedras, descarte de demolição, entulhos bem moídos.
 Um tanque com nove bocas e seis mulheres ali a lavar roupas, mais adiante 3 pias com algumas meninas a lavar louças, 3 meninos chorando ainda a exigir colos e cuidados especiais, rostos ranhentos, sujos, copos com sobras de leite jogados ao lado destes, enfim ela avista o último quarto, sem reboco, porta de madeira também fruto de alguma demolição.
 Ela leva a mão para bater nesta quando a porta é aberta por dentro, repentinamente, ali de short esportivo sem camiseta, Cícero mostra um aspecto de desleixo e de quem acabara por acordar.
 - Oi.
 - Selma, você aqui, você veio até aqui?
 - Você me deu o endereço e eu resolvi vir te ver.
 O homem a coloca para dentro o quarto, Selma se vê dentro, uma cama de solteiro, 2 cadeiras, um fogão de duas bocas, 3 caixas de isopor, 2 caixas de papelão com roupas, ao canto 2 caixas plásticas, destas de entrega de supermercados com pouquissimos mantimentos.
 - Você quer beber algo?
 - Água, pode ser, água.
 Ele sai dali e logo retorna com uma moringa pequena de barro, serve água para ela num caneco de time em alumínio um tanto sem brilho.
 - Obrigada.
 - Quer mais?
 - Não, obrigada.
 - Então é aqui que esta?
 - Sim, me mudei para cá assim que consegui minha aposentadoria.
 - É um lugar bem cheio, digo o quintal, sabe...........
 - Sim, um cortiço, sabe, o valor do aluguel as alturas aqui para mim esta bom, não é tão caro.
 - Sei, você cozinha aqui mesmo?
 - Sim, acabou o gáz mais amanhã eu comprarei um outro.
 - E, para hoje?
 - Tenho pão, ovo, eu uso o fogão de um colega ali ou vou num bar 3 ruas acima, bebo algo e a dona frita o ovo para mim na faixa, entende?
 - Por que Cícero?
 - O quê?
 - Por que e como chegou nisso, afinal você sempre foi um homem com reservas, não gastava nada á toa, como ficou assim?
 - Acho que foi falta de juizo.
 - É, acho que foi isso mesmo.
 Ali na cadeira ela olha o homem coçar a perna e percebe 2 cicatrizes na canela deste.
 - O que foi isso?
 - Isso, nada.
 - Cícero eu te conheço.
 - Eu me machuquei, cai de um trator, sabe, isso acontece.
 - Sei.
 Ela olha para o relógio no pulso e se levanta.
 - Acho melhor eu ir, logo a Priscila acordará, já deve ter acordado e não quero que ela fique preocupada.
 - Você vai vir de novo, prometo que vai encontrar o lugar bem melhor do que hoje?
 - Talvez, sim, eu volto, um outro dia, tchau Cícero.
 - Tchau.   Selma sai dali ainda sem acreditar que o homem com quem convivera chegou a uma situação a qual nem ela sozinha e com uma filha chegara.
 Ao chegar em sua casa, ela conta para a filha tudo o que vira e ambas decidem que vão a casa de Cícero e lhe fazer uma proposta.
 
 
 160621.....
 
 |