Os dias passam, Selma ali a limpar um frango para assar.
Cícero chega da roça e deixa as ferramentas ali encostadas na parede do casebre, o homem entra ali na cozinha e passa por Selma e segue para o quarto logo sai com suas tralhas de pesca, toalha e sabonete.
- Vou tomar um banho e pescar algo pra gente.
- Quer que eu leve algo?
- Não.
- Tudo bem.
Cícero sai e no caminho vê Humberto se aproximando.
- Seu Cícero.
- Humberto.
- Minha mãe mandou eu trazer essas carnes e umas verduras.
- Obrigado, or favor deixe lá com a Selma.
- Sim senhor. Cícero segue para o riacho, Humberto entra na cozinha e deixa as coisas na mesa, Selma ali de costas a acender o fogo do fogão á lenha.
- Oi minha deusa.
Selma se vira para o homem e com uma faca olha para ele.
- Me deixa Humberto.
- O que foi, a gente ficou e foi gostoso?
- Sai daqui, respeite minha casa e meu marido.
- O mesmo respeito que teve quando ficamos ali naquele quarto, naquela cama.
- Sai daqui, agora. Ela grita e o homem a agarra com certa força.
- Me solta. Cícero entra neste.
- O que esta havendo aqui?
- Sua mulher, ela quer me estragar com você.
- É mesmo?
Cícero dá um soco em Humberto que cai ali, Selma grita em desespero.
- Vai embora daqui, e não volte, nunca mais, leve todas essas porcarias que trouxe aqui, vai, agora.
- Mais é ela, sua mulher é quenga.
- Vai embora, agora, cão dos infernos. Humberto sai dali com as coisas, Selma ali com as mãos apoiados no fogão, Cicero a leva para uma cadeira e inicia o almoço ali.
- O que esta fazendo, deixe que eu mesma faço?
- Você ainda esta muito nervosa.
- Não, eu faço.
Ela levanta para o preparo do almoço e se sente mau caindo, ele vem a ela e a socorre.
- Você esta grávida.
- Eu, não isso não.
O homem coloca as mãos sob o ventre dela.
- É uma menina.
- O quê? Selma ao ouvir aquilo sente o frio do temor lhe percorrer seu corpo todo.
- Cícero.
- Se acalme, eu já pressentia que isso iria acontecer.
- Como?
- Você fica, porém não somos mais um casal, daqui em diante cada um tem sua vida.
Selma olha para o homem ali a sua frente e sente que sua vida agora tomara um curso bem diferente em tudo, como serão seus dias numa casa e com a companhia de um homem que fora seu até a pouco.
Os meses passam e Cícero perde o serviço ali devido ao acontecimento com Humberto, mais logo arruma outro em outra fazenda bem maior e com salário razoável, eles se mudam para a ESTÂNCIA PATROCÍNIO, Cícero logo se torna o primeiro capataz dali ficando somente abaixo do gerente, entre as reuniões de sábado com cantorias, bebidas, danças, ele conhece Elisabeth, desse surge um relacionamento que faz assim Selma ter a total certeza que perdera de vez o seu homem, ela continua a morar com ele porém são estranhos, meramente falam algumas amenidades e ele procura ficar mais no trabalho do que em casa, ela por sua vez tem aceitado e segue no lido da casa e cuido da gravidez, meses depois nasce Priscila, uma menina linda.
050621…..
Oito meses após o nascimento de Priscila, Selma ali a lavar as roupinhas do bebê, Cícero em nenhum momento pegara a criança no colo ou ajudara a mulher ali.
Após estender as roupas, ela segue para a cozinha e inicia o preparo do almoço quando Cícero entra ali.
- Daqui uma semana, a Elisabeth vai vir morar comigo.
- Aqui?
- E onde mais?
- Mais…….
- Fique tranquila, não sou este tipo de monstro, vou alugar um quartinho pra você e essa criança na cidade.
- Esta certo, obrigado.
- É bom que saiba, não sou e nem tenho qualquer obrigação para com você e sua filha.
- Eu sei, muito obrigado por me ajudar.
- Então tá.
- Eu já falei com a esposa do gerente, ela vai me arrumar um trabalho na casa dos patrões na cidade.
- Bom pra você.
- Obrigada.
- Selma.
- Sim.
- Em nenhum momento você pensaou em tirar essa criança?
- Sim, em muitos, mais eu soube que tudo era e é um sinal para que ocorra uma mudança interior em mim.
- Que bom que tem pensado desse jeito, espero de coração que sua vida melhore sempre mais.
- Obrigada. Cícero sai dali e minutos depois ela já com a comida adiantada senta á mesa e desaba num choro.
A mudança ocorre de forma rápida, com pouquissimas coisas que recebera de doações dos colonos, Selma segue para a cidade numa rural verde que leva suas coisas.
Na cidade ela consegue vaga para a nenê na creche.
Inicia o serviço na casa de Eleonor e Nicanor, os donos da fazenda.
Selma lava, passa, limpa a casa, ficando a cozinha e o cuido das crianças do casal por conta de outras 3 funcionárias.
A vida vai seguindo e ela junto, a noite no cuido e carinho com a filha, 4 meses depois, ela já comprara alguns móveis e ganhara outros da patroa que se simpatizara de cara com ela.
Porém, logo o patrão também começou a ve-la com os olhos da cobiça e do desejo.
Selma sempre chegando no horário e fazendo suas tarefas de acordo com o ordenado por Eleonor, porém em alguns momentos ficava sozinha em algum ambiente, tinha a surpresa um tanto desconfortável de Nicanor.
- Só um beijo, vai.
- Seu Nicanor, me respeite.
- O que é, sou seu patrão, posso te mandar embora.
- Por favor sr.
- É sério, ou faz ou te coloco na rua.
Selma foi contornando a situação por meses, cansada e sujeita a perder o emprego ela cede ao patrão num quarto de hotel barato, dois meses depois ela é demitida por Eleonor sem qualquer explicação.
A procura por trabalho, ela bate de porta em porta e nada, até parar num bar e parada de ônibus.
- Esta com sorte, preciso de uma cozinheira urgente.
- Sério?
- Sim, quando você pode vir?
- Já estou aqui moço, agora.
- Pronto, gostei.
Selma passa para dentro do balcão e minutos depois já esta soltando marmitas e salgados que são vendidos por Josias, o dono do bar, 44 anos, divorciado.
Três meses depois, Selma aceita morar com ele e inicia-se uma nova fase em sua vida.
060621...
|