Se meu coração marulha palavras, elas saem de mim,
como ensejo da alma, endossadas pelo serenar dos olhos,
que se enternecem em lágrimas ao som compassado
das pequenas canções do dia, que brilham como o sol.
Borbulham nas entranhas do ser, marinhadas ao entardecer,
tantas frases, tantas linhas, que querem dizer, falar, gritar,
encordoadas com o pulsar do coração de ritmo acelerado,
descompassando a vida, o horizonte do viver, batendo forte.
Mas não saem, ficam lá, presas, sufocadas, com medo,
amordaçadas em si mesmas, se atabalhoando, caladas,
reprimidas por temor de não saber o que dizer, errar...
E o tempo de passar roda, roda, faz a gente nem pensar,
parabeniza o silêncio que a alma faz desgostosa, pranteia
o versejar inaudito que cala, louco, tonto, quando queria falar...
Maria
|