Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
DOIS QUADRO
PATATIVA DO ASSARE

Na seca inclemente do nosso Nordeste,
O sol é mais quente e o céu mais azul
E o povo se achando sem pão e sem veste,
Viaja á procura das terra do Sul.

De nuvem no espaço, não há um farrapo,
Se acaba a esperança da gente roceira,
Na mesma lagoa da festa do sapo,
Agita-se o vento levando a poeira.

A grama no campo não nasce, não cresce:
Outrora este campo tão verde e tão rico,
Agora é tão quente que até nos parece
Um forno queimando madeira de angico.

Na copa redonda de algum juazeiro
A aguda cigarra seu canto desata
E a linda araponga que chamam Ferreiro,
Martela o seu ferro por dentro da mata.

O dia desponta mostrando-se ingrato,
Um manto de cinza por cima da serra
E o sol do Nordeste nos mostra o retrato
De um bolo de sangue nascendo da terra.

Porém, quando chove, tudo é riso e festa,
O campo e a floresta prometem fartura,
Escutam-se as notas agudas e graves
Do canto das aves louvando a natura.

Alegre esvoaça e gargalha o jacu,
Apita o nambu e geme a juriti
E abrisa fargalha por entre as verduras,
Beijando os primores do meu Cariri.

De noite notamos as graças eternas
Nas lindas lanternas de mil vagalumes.
Na copa da mata os ramos embalam
E as flores exalam suaves perfumes.

Se o dia desponta, que doce harmonia!
A gente aprecia o mais belo compasso.
Além do balido das mansas ovelhas,
Enxames de abelhas zumbindo no espaço.

E o forte caboclo da sua palhoça,
No rumo da roça, de marcha apressada
Vai cheio de vida sorrindo, contente,
Lançar a semente na terra molhada.

Das mãos deste bravo cabloco roceiro
Fiel, prazenteiro, modesto e feliz,
É que o ouro branco sai para o processo
Fazer o progresso de nosso país.


Este texto é administrado por: JOAO BOSCO DE SOUSA RODRIGUES
Número de vezes que este texto foi lido: 64198


Outros títulos do mesmo autor

Poesias DOIS QUADRO PATATIVA DO ASSARE


Publicações de número 1 até 1 de um total de 1.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Menino de rua - Condorcet Aranha 64212 Visitas
EM CADA INTERVALO - Tércio Sthal 64211 Visitas
EPÍTETOS - rosas exalam almas roubadas - Pablo Treuffar 64211 Visitas
PUTADETERNUM - a digníssima do Valqueire - Pablo Treuffar 64211 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 64211 Visitas
Jogada de menino - Ana Maria de Souza Mello 64211 Visitas
Canção - valmir viana 64211 Visitas
O estranho morador da casa 7 - Condorcet Aranha 64210 Visitas
Decadência - Marcos Loures 64210 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 64210 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última