Mar, imensidão, onde vais viver, ou morrer.
Como a vida, imensa e repleta de ensinamentos doloridos.
Me faço menor e servil, diante dos desafios, para sobreviver,
Nas periferias do dia, a busca constante da afirmação e desejo,
Mas a cada desejo, um novo problema,
Todo os dias navego minha nau do casco furado,
Os braços já cansados de tirar tanta água, com uma colher.
Sinto que a terra firme apontará no horizonte, ou desejo?
Ao chegar, trocarei o medo de morrer afogado, pelo de ser assaltado.
Medo, este ser sorrateiro, escondido nas entranhas, pronto para ferroar.
Mas, já me tirou de muitas ciladas.
No fundo ele é um amigo, que funciona como uma cerca,
para que o cavalo selvagem não dispare rumo ao caos.
As palavras proferidas em minha direção, por pessoas desinformadas,
São como abelhas a me ferroarem a face,
Deformando meu rosto bonito, que penso que tenho,
Deformando o que penso que sou.
Distante da praia, as vezes me dá um alívio, não ter nada no horizonte.
Assim, as ilusões se acalmam,
E volto a ver o mar, e sua imensidão,
Aceito que tudo sempre é,
Mais do mesmo.
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