Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Tiro no pé
Rafael da Silva Claro

Recentemente, temos visto equivocadas ações de boicote e, até, censura. O resultado é o contrário do pretendido, porque a repercussão gera propaganda gratuita e curiosidade.

Boicote, ação legítima, significam algumas, ou muitas, pessoas lançarem mão de sua liberdade e negarem quaisquer transações comerciais com determinada empresa; censura, ação arbitrária, é a análise subjetiva, e política, para julgar se algo é conveniente ao público.

Boicote foi o que aconteceu com o banco Santander de Porto Alegre, no Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Uma agência do banco espanhol, resolveu expor obras de “arte”, de gosto duvidosíssimo, que vilipendiava os cristãos e muitos Valores. Até aí tá valendo, é o preço da liberdade. Na arte é assim: quando falta talento, sobra provocação. Os sedizentes artistas retrataram o máximo que suas criatividades podiam conceber: pedofilia, zoofilia e pitadas de blasfêmia. Essa exposição, que estaria restrita ao mau gosto de visitantes voluntários, passou a ter muita audiência.

O boicote surtiu efeito com o encerramento de contas no banco. A exposição viajou ao Rio de Janeiro, onde, a princípio, foi censurada. O resultado dessas e outras tentativas de bloquear essa apresentação, foi a divulgação e reprodução dos itens e do nome Queermuseu, por toda a imprensa. Até quem não quis viu.

Em 2019, na Bienal do Livro, Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella mandou recolher um livro de HQ, cujo único diferencial era um beijo gay. Resultado: o livro, que seria um fracasso de vendas, virou sucesso; o youtuber Felipe Neto arrematou e distribuiu 14.000 livros; o livro esgotou; e a Bienal foi um sucesso, devido a divulgação expontânea.

No ano passado, um deputado do PSL não gostou nada de um quadro exposto a caminho do plenário da Câmara, e arrancou-o. Isso porque o quadro, celebrando o Dia da Consciência Negra, retratava o, segundo o autor, “genocídio da população negra, por policiais”. Resultado: a imprensa repercutiu tanto o caso, que mesmo quem nunca iria ver o quadro, pôde vê-lo reproduzido.

Final do ano passado, o Porta dos Fundos resolveu lançar, no Netflix, um filme de humor, onde alterava a trajetória de personagens bíblicas. Isso feriu suscetibilidades da sociedade, cristãos e um dito grupo Integralista, além de gerar boicotes à Netflix e tentativa de censura ao filme. Foram tantas matérias na imprensa e o assunto ganhou tanto corpo, que tudo isso, claro, gerou curiosidade e o filme bombou.

Agora, em setembro, também na Netflix, o filme Cuties está gerando barulho, porque sexualiza meninas de 11 anos. Isso seria material supostamente artístico para entreter pedófilos. Resultado: um filme que não seria sequer notado deve ter ótima audiência.

Essas obras incomodaram muita gente, mas o melhor era ficar quieto. A propaganda é a arma do negócio. Nesses casos, até a propaganda negativa. Ou por curiosidade, ou para protestar, esses “produtos” viraram sucesso. O que é ruim não tem que ser comentado.












Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
Número de vezes que este texto foi lido: 52979


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas 🔵 O segredo Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Terrorismo primavera/verão Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 A luta dele Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Querida, cheguei! Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Mineirando — Clube da Esquina Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Vicky Vanilla, o satanista da família brasileira Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 O partido da lagosta Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Autor moral Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Caixa de Pandora Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Para inglês ver Rafael da Silva Claro

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 61 até 70 de um total de 416.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Linda Mulher - valmir viana 53643 Visitas
Um conto instrumental - valmir viana 53638 Visitas
A calça preta - Condorcet Aranha 53635 Visitas
A margarida que falou por 30 dias - Condorcet Aranha 53599 Visitas
Menino de rua - Condorcet Aranha 53570 Visitas
MEDIUNIDADE ONIRICA - Henrique Pompilio de Araujo 53568 Visitas
Em briga de marido e mulher - Ana Mello 53555 Visitas
Jogada de menino - Ana Maria de Souza Mello 53553 Visitas
Pedido de Amigo - J. Miguel 53544 Visitas
Minha mãe - Ivone Boechat 53531 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última