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A tecnologia da seita ao céu
DIRCEU DETROZ

Em dois livros de ficção a tecnologia desempenha papel de coadjuvante na trama. Nos dois, a tecnologia é o telefone. À maneira como os humanos usam o telefone nos dias atuais, pode ir de gravar a iminência de um crime com o quase assassino caindo do penhasco para a morte, até causar uma histeria mundial.

A escritora M. A. Bennet constrói uma trama interessante em “A Caça” (Arqueiro). Uma parte se passa numa escola onde estudam filhos de pais milionários. Outra parte numa moradia estilo aristocrática. Destas que parou no tempo com centenas de serviçais uniformizados sempre disponíveis para servir os convidados. Alguns para vigiá-los.

De um lado estão os seis medievais. Três rapazes e três moças com a missão de mandar na escola. Para os medievais toda a tecnologia do mundo é abominável. Os do outro lado são conhecidos como “selvagens”. Podemos escolher um lado. Eu me juntei aos selvagens onde está a personagem Greer que narra os acontecimentos em primeira pessoa. Divertido é como a Greer intercala cenas de filmes famosos na sua narrativa.

Entre eles a Greer, três selvagens recebem convites dos medievais para um fim de semana de “caça, tiro e pesca”. Depois de séculos praticando seus crimes da mesma maneira, desta vez, as coisas dão erradas para os medievais. O telefone de última geração aparece só no final vencendo a batalha. O poder outra seita assume.

O seu telefone toca. Quem ligou você? Um dos seus entes queridos que morreu e você acredita esteja no Céu. Você deve espalhar o milagre e contar ao mundo que o Céu é um lugar lindo. Assim começa “O Primeiro Telefonema do Céu” de Mitch Albom (Arqueiro), que conta na trama várias curiosidades sobre Graham Bell.

No princípio o “milagre” pode ser lindo. Albom segue outro caminho. O de mostrar a capacidade dos humanos em transformar o lindo em algo extremamente feio e perigoso. Quem acende a fagulha de fogo neste rastilho é a mídia. Um fio muito fácil de se romper é o que divide a fé da histeria.

Albom também nos coloca para refletir sobre os dilemas e conflitos da fé. Imagine ser você um sortudo que recebeu um telefonema do céu. Um dia, você faz uma visita a um amigo internado no hospital. Depois de semanas lutando pela vida, ele não corre mais o risco de morrer. Ele implora, você não resiste. Conta-lhe o que ouviu sobre as belezas do céu. Comum aos humanos, aumenta as belezas por sua conta e risco. No outro dia você fica sabendo que seu amigo morreu. Você é um assassino por induzi-lo a morrer?

Com a tecnologia que dispomos, tudo o que falamos fica gravado. Nas mãos de mal-intencionados nossas frases podem ser usadas fora de contexto com infindáveis objetivos. Até para criar milagres e no seu rastro histeria humana. Talvez, chegará o dia em que tecnologia deixe de ser a coadjuvante da ficção para se tornar a vilã da vida real.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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