Sempre estive
a favor de mim.
Por várias vezes
nesta caminhada
que já dura mais de
seiscentos anos
estive morta,
no chão.
Renasci das cinzas
todas as vezes.
Todas elas.
Mas sempre fui jogada
na lama outra vez.
Sempre.
Cada vez que me erguia,
cada vez que me sentia forte,
cada vez que achava
que tinha conseguido,
que tinha conquistado
a montanha,
descia o vento norte,
com força avassaladora
para me derrubar
e me jogar
no fundo-do-poço,
no fundo-do-lodo.
E nunca percebi,
nem entendi
o que acontecia.
E também não entendo
agora, mas sei que acontece.
Sei que acontece,
porque sinto em mim.
Sinto na carne,
na alma, no espírito.
Sinto no silêncio do sol,
sinto em suas canções,
sinto em cada hora,
cada minuto, segundo,
que vivo neste mundo,
neste Novo Mundo,
ao qual o sol disse
que deveria me
adaptar.
E não consigo
entender por que.
Quando acho que
entendi e aceitei,
tudo vira dentro
ou fora de mim
e o caos se faz
completo e aterrador
outra vez.
E hoje, hoje eu vi,
como nunca tinha
visto antes,
que na verdade,
na verdade,
não passo de
uma estrada,
onde todos pisam
e vão embora
sem deixarem
marcas de pegadas,
mas deixam cravados
em mim os cravos
que me ferem o espírito,
que abatem minha alma...
E a dor é o que sobra prá mim...
Somente a dor...
é o que sobra prá mim....
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