Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Na borda da banheira
Gladyston costa

Os passos dados nessa calçada insólita não são suficientes para abater tamanho espaço pela frente, para além daquilo que os olhos alcançam, bem depois das paredes sujas desses prédios, tem um céu. Os passos brigam com bagulhos, com o lixo e pelo caminho descamisados, descalçados e deserdados habitam o chão duro de cimento.
Espaço é tudo que se têm no momento, os obstáculos pela frente é matéria em desconstrução, estar longe é tudo o que se quer, o cheiro ácido de urina arranha a mucosa das narinas e rouba a falta de pressa. Querer estar longe é simplesmente fugir, e a distância é morada de sonhos e da imaginação.
Situações ruins fazem fugir pelo espaço qualquer um que tenha pernas, rasteje, nade ou voe. O que diria a gazela que foge esbaforida de um bando de leões famigeradamente famintos?
Aqui por hora, o barco luta contra as águas raivosas pelo porto seguro distante. Não importa o meio a vencê-lo, o espaço, mas certo é que não se chega a lugar nenhum por esses métodos, passos lentos e desgraçados em um mar de tumulto... Mas tentar é o que resta.
A palavra não é pesada, há pouco quis dizer passos “sem graça”, pois, porque “andar” se dito assim é infinitivo. E infinito é tudo aquilo que há no mundo. Visto para além da ponta do nariz, bem depois da última estrela, tem um espaço escuro e insólito capaz de roubar toda a luz! E luz agora é tudo aquilo que brota da imaginação e que permite olhar por dentro toda aquela escuridão no espaço.
Uma infinita escuridão que rouba o próprio espaço.
Se não for assim, com a cabeça recostada na borda da banheira, em um quarto escuro, não tem muito que ser feito em relação a esse espaço todo. Tudo isso é fruto de divagação torpe. Essa tendência de pensar no infinito, claro, vem da sensação de que a razão é pequena demais para tamanha complexidade, então, é melhor relaxar, desencanar, e apenas deixar o barco sem comandante... Sim, nau à deriva, apenas largue o leme e deixa que o barco se vire.
Mas, não queira perder de vista o espaço escuro que mora atrás da última estrela, é lá que mora verdadeiramente o pensamento, pois visto que infinito o espaço, e ainda que haja uma parede a limitar todo o espaço, a dizer que ali é o fim de tudo, ainda assim, certamente, depois da parede, haverá outro espaço.
Simplesmente porque se há fim, há começo e recomeço.
Então tudo que há é o infinito.
Gladyston Costa


Biografia:
-
Número de vezes que este texto foi lido: 63936


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Pão de Ló Gladyston costa
Contos Esporádica companhia Gladyston costa
Poesias Indolente sedutor Gladyston costa
Crônicas Asas sobre sampa Gladyston costa
Poesias Abraço Gladyston costa
Poesias Água doce Gladyston costa
Crônicas Na borda da banheira Gladyston costa
Poesias Ladeira da misericórdia Gladyston costa
Crônicas Principia a primavera Gladyston costa
Crônicas Divagações sobre um poema Gladyston costa

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 48.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Educação Física para além das quatro linhas - Matheus Henrique Silva de Oliveira 65198 Visitas
Sou ET - Jonas de Barros Vasconcelos 65004 Visitas
Notas Vomitadas. - Galileu III 64647 Visitas
O sofrimento desnuda - Kinara Vitória de Sousa Santos 64411 Visitas
Uma vida Cyberlife - Caliel Alves dos Santos 64409 Visitas
Qual é o melhor local para vender artesanato online - Antonio 64395 Visitas
O que é vaidade? - Patrícia 64361 Visitas
A SAIDEIRA - André Chamun Calazans 64349 Visitas
TALVEZ - Ylnara Sama 64335 Visitas
ESCADA DE TROVAS(Nº 1) QUANDO O CARNAVAL CHEGAR - Sílvia Araújo Motta 64304 Visitas

Páginas: Próxima Última