Enquanto o Covid-19 se espalhava pelo mundo para se transformar em pandemia, parte da mídia corria atrás da literatura ficcionista que pudesse ter antecipado o que os humanos estão vivendo em plena era da tecnologia. Que de muitas formas tem se mostrado inútil diante de um vírus.
Uns foram em busca da “A Peste” escrito por Albert Camus em 1947. Outros se lembraram do “O Último Homem”, um romance de ficção apocalíptica escrito em 1826 pela escritora Mary Shelley. O enredo é um mundo futuro devastado por uma praga. A obra foi criticada na época.
Como o Covid-19 foi e continua um prato cheio para teorias conspiratórias, cabe incluir “Inferno” de Dan Brown. Um vírus infectará todos os humanos matando aleatoriamente um terço da humanidade, provocando infertilidade no resto. Existiria algum chinês maluco fazendo teste para algo do tipo? Em vez de inférteis, de repente, os humanos acordariam todos comunistas!
Da ficção para a realidade, a pandemia do Covid-19 está escrevendo lições duras para os humanos que se acham os donos do planeta. A importância da humanidade foi reduzida drasticamente. Eurípides Alcântara de quem falo no parágrafo seguinte escreveu: “ Minúsculo organismo comanda hoje a agenda dos líderes das nações mais poderosas”.
No “O Globo”, Alcântara escreve sobre rever a teoria do britânico James Lovelock de que a Terra não é uma rocha coberta de água, vegetação e animais. É um organismo biológico capaz de se autorregular beneficiando a manutenção da vida. Não necessariamente a humana.
Entre lições, por todos os lugares o Covid-19 deixará fatos e imagens sugerindo grandes reflexões. Dois exemplos vieram da Itália. Alguém ou alguma ficção imaginaria um papa dando a benção do domingo para uma Praça de São Pedro completamente vazia. Enfermeiros confessando estarem deixando infectados idosos para morrer.
Apesar de não escreverem ficção, os economistas são muito bem pagos para antever cenários econômicos mundiais. Em quarentena esses economistas já estão olhando para o pós-Covid19. Se a pandemia não foi a “gripezinha” imaginada por Bolsonaro, a crise financeira de 2008 será chamada de “gripezinha” perto do que virá quando o Covid-19 acenar um adeus de até breve. Se ele não voltar, alguém voltará no seu lugar. Talvez ainda pior e mais mortal. Empresários fazem ecoar 40 milhões de desempregados no Brasil
Se os países ricos estarão mais pobres, imaginem os países que vivem na pobreza. Contra um vírus nos escondemos dentro de casa. Contra uma crise financeira com aspectos de tsunamis não existe possibilidade de quarentena. Novas lições aos humanos serão escritas. Quem se salvou do Covid-19 poderá não se salvar do desemprego e da fome.
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