Eu amo a chuva que flutua
no dorso frio do vento
e brinca no espaço da noite.
Eu amo a chuva que corre
na rua comprida e vazia
e, mansamente, se espalha
na calçada.
A chuva que brilha
à pálida visão
do esguio farol de esquina.
cansado de escuridão.
A chuva que desce ligeira
e, desinibida, serpeia
nas profundezas tranquilas
do mar.
A que adormece na folha,
a que se funde no barro,
a que cai dentro do jarro
ou desfalece no chão.
A chuva que voa nas aves
e aquela que abusa das claves
de sol, e faz melodia.
A chuva que mata a sede,
a chuva fria do inverno,
a chuva morna do verão.
A que molha meus pés
a que me escorre da mão.
Amo a chuva que flutua.
Amo a chuva que chove.
Amo a chuva que desce.
Amo a chuva que morre.
Rio, 28/08/1964
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Biografia: Nasci em Itaqui, no Rio Grande do Sul e resido no Rio de Janeiro desde o final de 1958. Nunca publiquei nada do que escrevo, por que sempre o fiz para consumo próprio e, principalmente, por falta de talento. Agora, acho que perdi a vergonha. Gostaria imensamente de receber as críticas dos meus eventuais leitores peoo e.mail anibalbonorino@superig.com.br. |