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Post-delírio-projeto
(Um sonho à la Tarantino)
Roberto Queiroz

Eu quero fazer um Pulp Fiction pessoal (correção: eu tenho pensado em fazer um Pulp Fiction pessoal há exatos 10 anos, mas a ideia não sai da minha cabeça de jeito nenhum).

Acompanho Tarantino desde que começou sua orgiástica carreira e coloquei na minha cabeça que ele é o maior diretor da atual geração (sorry, Scorsese e Kubrickmaníacos!). O cara é foda! Ponto. E desde que assisti sua obra máxima, Pulp Fiction (e a reassisti mais 15 vezes!), não me sai da cabeça um projeto que emule sua obra, mas que tenha a minha assinatura.

O problema: só consigo construir fragmentos de um possível roteiro, repleto de personagens surreais e tarantinescos até a medula. Uma ruiva lésbica e matadora de aluguel? Um pastor evangélico que executa suas vítimas com uma escopeta Winchester 21 e ao ver a poça de sangue correndo pela rua, ergue sua arma ao alto e grita "palavra da salvação!"? Um colecionador de bonecas infláveis, viciado em filmes com Ava Gardner e rapé? Um plano sequência envolvendo um leiloeiro com um braço biônico e uma stripper vesga e japonesa fugindo de duas viaturas policiais completamente baleadas, que os perseguem acreditando tratar-se o casal de uma dupla de falsificadores de moedas antigas? E muito mais... (a minha imaginação é mais fértil do que a média no Brasil).

O problema 2: como custear tal projeto. Nunca foi tão difícil produzir cultura no país como atualmente e tenho a ligera impressão que meu filme, posto os devidos cálculos no papel, sairia caro. Talvez precisando até mesmo de filmagens no exterior (uma visita à penitenciária na Turquia que serviu de locação para o filme O expresso da meia-noite, de Alan Parker, seria uma possibilidade?). E sabe como é roteirista/diretor: sempre defendendo suas ideias mordazes com unhas e dentes.

Conheço até mesmo duas ou três pessoas que gostaria de ver atuando no filme (uma delas, aliás, meu vizinho). Mas também gostaria - muito (muito no sentido de indispensável) - de ver John Malkovich, Jennifer Jason Leigh, Gerard Depardieu, Wagner Moura e Ricardo Darín trabalhando no projeto.

Já me peguei até mesmo perguntando se ele não poderia se tornar o filme definidor desta primeira metade do século XXI, com direito a capa na Time e na Variety (mas isto sou apenas eu, em momento high hallucinated, divagando a esmo). Então é melhor pensar com carinho passo-a-passo. Já dizia meu pai: uma coisa de cada vez.

Chego ao sétimo parágrafo deste post-delírio mais confuso do que comecei, mas quer saber? Esta é a intenção primeira em sétima arte: confundir. Ou não? Vejam Donnie Darko, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, Dogville, Medo e delírio em Las Vegas, 12 macacos e Depois de horas e talvez concordem comigo em gênero, número e grau e mais: talvez queiram embarcar comigo nesta produção surrealista, irracional e megalomaníaco (como todo bom blockbuster que se preza).

Mas como disse lá em cima: por enquanto são apenas fragmentos, ideias esparsas. Talvez o filme mesmo nem venha a acontecer. Talvez transforme tudo num livro e procure uma editora menor, que não me exija um agente literário para roubar minhas economias. Talvez - eu disse talvez, vocês leram? - saia mais barato e então eu venda os direitos para hollywood (com a condição de interferir na escolha do diretor que assumirá o projeto).

Por conta da ausência de mais elementos cinematográficos e narrativos que justifiquem a existência desse filme, decido encerrar este post por aqui, acreditando com muita fé e esperança que as ideias continuem surgindo mesmo que aleatoriamente. Trata-se, afinal de contas, de um sonho antigo, que já aniversariou uma década, e continua latejando em minhas memórias.

Como desfecho inusitado a este artigo-deboche-desabafo, pergunto-me: estarei fazendo tudo errado ou apenas não chegou a hora de trazer à luz tal delírio?

For god sake, save me Mr. Tarantino!!!


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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