Aqui jaz o velho
Passei cada um dos meus dias como se o último fosse.
Não é que me faltaram planos ou não gostasse de viver.
Mas, de fato, não tive anseios grandiosos.
Não veja com tristeza minha partida.
Nunca pensei que a vida seria diferente,
que eu fosse especial ou estivesse fora do jogo da morte.
Preocupei-me a cada passo em mostrar aos meus filhos aquilo que era importante e instrutivo.
Espero que lhes seja útil e um bom ponto de partida.
Fui leviano, dei muitas gargalhadas. Fui recalcado e inseguro até que os anos me mostraram que muito pouca coisa tem uma importância real.
Aprendi que aprender tem um efeito calmante e fixa-nos no presente.
Nem por tudo isso me tornei imprevidente: fiz reservas para diminuir os infortúnios de minha partida ou permanência.
Busquei não entrar no jogo dos que não refletem mas seguem a turba.
E, dentro do possível, tudo isso me fez feliz.
Dormi pouco, trabalhei muito e no fim não me senti arrependido. A liquidez e superficialidade do mundo moderno não me ganharam.
Se por um lado sentia-me isolado e impopular por outro conversava com mentes claras e estudiosas nos livros.
Minha casa foi sempre meu primeiro templo e tudo fiz por ela.
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