Quem não o conhece? Quem não o utiliza constantemente? É o verbo auxiliar mais importante da “última flor do Lácio”. Crianças e adultos, jovens e vovôs, o conjugam em todos os tempos e pessoas. É uma coisa!
Pois é, estou me referindo ao verbo COISAR. Além de auxiliar eficaz e notadamente simples, constitui um sinonimizador de mão cheia, nas mais variadas circunstâncias e realidades.
Se os gramáticos se dessem conta da facilidade que esse substantivo traria para o nosso cotidiano se fosse elevado à categoria de verbo, creio que há muito tempo ele ocuparia outro patamar. Sua popularidade seria oficializada e constaria de qualquer dicionário, do Aurélio ao... Como a função dos gramáticos é gramaticalizar a Língua (não a língua), e a verbalização da coisa promoveria uma dês-status-ação morfológica e filológica, não seria de bom alvitre tornar-se aviltante lingüístico.
Pensando nisso, vejo-me aqui diante do monitor coisando esse texto. Resolvi coisá-lo porque desde ontem essa coisa me bateu. E tem mais uma coisa: quanto mais eu coiso mais me dá vontade de coisar. Às vezes me dou conta do momento e me coiso: o que é que eu estou coisando mesmo? E aí compreendo que se eu não coisasse, coitadinha da minha mulher! Porquanto se eu não coisar me agito, fico tenso, é aquela coisa. A última vez que fui ao médico ele me indagou como era que eu estava coisando. Eu respondi: doutor, coisar pra mim é essencial. Quando não estou coisando, com certeza estou mal. Se eu coiso e tu não coisas, aprende a coisar para que possas ensinar para que ele coise também. Se nós coisássemo e vós coisásseis, eles também coisariam, e a coisificação seria coisificada. Que coisa!
Gramáticos, desgramaticalizem! Filólogos, filologizem! E a Língua coisificará. Pois coisifiquiêmo-la.
ALMacêdo
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