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Deus
(um rápido desabafo contra a sociedade)
Roberto Queiroz

Eu prometi não falar de fé, religião, crenças nesse espaço, mas não adianta. Quando o assunto o acompanha você tem que responder à altura. Não importa quantas críticas ouvirá. Então vamos lá!

Esta semana, durante um dos módulos do RJTV, a apresentadora Mariana Gross conversou com o ator, roteirista, produtor e diretor de teatro Miguel Falabella sobre o encerramento, no Rio de Janeiro, da temporada de sua mais nova peça, o espetáculo God, adaptado do original escrito pelo dramaturgo americano David Javerbaunm, em que interpreta o criador do céu e da terra. E um aspecto que me chamou a atenção (mais uma vez, pois esse tipo de impressão vêm me acompanhando com frequência nos últimos tempos) é a maneira debochada - e desnecessária - com que se referiu a Deus.

É preciso que eu diga antes de continuar: não sou carola de igreja católica, devota da igreja evangélica, muito menos seguidor da umbanda ou do candomblé. Digo mais: nunca tive vocação para seguir qualquer tipo de dogma. Acredito que eles, no final das contas, estão mais interessados em exercer um discurso político do que propriamente trazer conforto (ou a palavra de Deus) para o povo sofrido de nosso país. Entretanto, sempre acreditei na ideia do criador. Prova viva disso é que não consigo imaginar nenhum ser humano capaz de inventar o sol, a galáxia, as constelações e a natureza como nós a conhecemos. Acho simplista em excesso creditarmos essas criações como obras do acaso. Perdoem-me aqueles que creem nisso, mas não dá...

Não é de hoje que a figura, a ideia, o conceito de Deus é vilipendiado pela humanidade. Estamos, isso sim, nos especializando em desconsiderar seus mandamentos e virtudes em troca de benefícios pessoais.

Querem tirar a prova dos nove? Percebam como, nos últimos anos, o mercado de entretenimento pop vem tratando a imagem do criador nas telas, livros, peças de teatros, histórias em quadrinhos etc... Prestem atenção: quantas vezes o personagem Deus foi retratado como uma figura confusa, perdida, rodeado de maus exemplos e sem forças para dar a volta por cima? Não me refiro aos filmes bíblicos clássicos, como Jesus de Nazaré e O rei dos reis e sim à obras contemporâneas de gosto duvidoso e cheias de tendências escusas e por vezes, vexatórias.

Joãosinho Trinta já colocou o Cristo nu (filho do criador) em plena Marquês de Sapucaí e deu - e muito! - o que falar. Recentemente, esbarrei na Saraiva com um exemplar que se intitulava Livrar-se de Deus? e fiquei me perguntando: do que será que se trata? Seria isso de fato necessário?

Em outras palavras: passamos do ponto no que tange a respeitar a imagem Daquele que nos criou. Até mesmo ateus e agnósticos de renome, em suas palestras vêm percebendo o descaso diário com o seu nome. Cresceu nos bate-papos de bar e no discurso dos chamados "cristãos" (que de cristãos, para mim, nunca tiveram nada!) a evocação ao demônio e outras figuras maléficas. Na verdade, seu nome anda sendo, em certos casos, até mais proferido do que Deus. E eles se dizem religiosos!

"Onde iremos parar?" passou da categoria pergunta-básica para entender o mundo e o que nos reserva para mero fetiche sem sentido. Aliás, sem sentido parece-me uma boa expressão para explicar a quantas anda a cabeça da humanidade.

Estamos perdidos. Completamente perdidos. E ainda por cima, Aquele que poderia nos apontar um caminho em meio a tantas tempestades está sendo maltratado dia a dia por falsos profetas, cidadãos que preferem se posicionar como homens acima do bem e do mal e, principalmente, por aqueles que sempre venderam a ideia de possuírem uma moral ilibada, sem pecados.

Senhor! Perdoai-lhes!

Hoje, mais do que nunca, eles não têm a menor ideia do que estão fazendo... Não mesmo.


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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