Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Uma vida só
Gladyston costa



Uma vida só, em cada linha traçada no destino as esquinas são pontos de encontro da rotina. O dia acontece e pelo caminho as mesmas cenas, as mesmas pessoas. O dia como os de sempre, o da véspera e da antevéspera, a rotina é estática. Em cada esquina, em cada farol, nos pontos de ônibus e estações as pessoas se repetem... Os automóveis os mesmos. Segunda feira, terça feira todas as feiras, não importa, uma vida só em que os dias são os mesmos. Na cidade a rotina é uniforme, como o da faxineira, do médico ou do policial, a rotina não muda de roupa. O sujeito apressado de calça azul que atravessa a avenida, a mulher de meia idade que conduz a criança, o mendigo na esquina que conta moedas, todos sempre lá. O relógio na parede da estação, os ponteiros, as horas, os minutos, os segundos são sempre os mesmos. A hora passa sem passar, as tarefas, os afazeres, os olhares sem ver não expressam emoção. A cada dia pessoas sem rosto no mesmo espaço, na cidade o mesmo tempo no relógio, a cidade não passa. Um "bom dia" frio no portão, o barulho do motor, a fumaça tóxica que flutua lentamente, a xícara de café sobre a mesa. Um beijo aritmético e as esquinas pelo caminho marcadas pelo sempre, uma vida só de pessoas e coisas na mesma paisagem. As pessoas no caminho soldadinhos de chumbo, sonhos aprisionados em caixa de ferro. O som das buzinas e as palavras sem eco morrem sem sentido. O sol corre pelo caminho, mas não ilumina, apenas marca as horas. Ocultos, os sonhos na caixa são desejos à espera, dia que nunca chega. Sonhos que moram nas pessoas de sempre nas mesmas esquinas, nos mesmos pontos, nas mesmas mesas. A mesma xícara do café pela manhã, o prato de comida no almoço, o guarda sem rosto que lê o jornal, os dias nunca terminam. Uma vida só e os sonhos na caixa à espera. O combustível da vida, a esperança, que busca a centelha e então! Um beijo molhado, o café com o sol alto, as pessoas com rosto, nuvens de algodão e flores no canteiro, outro caminho. Uma vida só pra viver.

Gladyston Costa


Biografia:
-
Número de vezes que este texto foi lido: 52886


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Nós Gladyston costa
Poesias Solstício Gladyston costa
Poesias Taxonomia do choro Gladyston costa
Poesias Mormente Gladyston costa
Poesias Propriedade do mindinho Gladyston costa
Poesias Bicho de goiba Gladyston costa
Poesias Corre sapato Gladyston costa
Crônicas Nas asas da monarca Gladyston costa
Poesias Voo de palavras Gladyston costa
Poesias Lua e cidadeII "Lua de Sangue" Gladyston costa

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 31 até 40 de um total de 48.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Saudações Evangélicas (Romanos 16) - Silvio Dutra 53956 Visitas
eu sei quem sou - 53954 Visitas
Viver! - Machado de Assis 53931 Visitas
viramundo vai a frança - 53923 Visitas
O pseudodemocrático prêmio literário Portugal Telecom - R.Roldan-Roldan 53897 Visitas
O que e um poema Sinetrico? - 53892 Visitas
A Aia - Eça de Queiroz 53842 Visitas
O Movimento - Marco Mendes 53841 Visitas
camaro amarelo - 53840 Visitas
FLORES E ESPINHOS - Tércio Sthal 53826 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última