O turíbulo
A liturgia católica se não for a mais completa, chega perto, com seus ritos seculares. Principalmente em suas missas solenes quando o sacerdote se paramenta com sua melhor casula de cores variadas para a celebração eucarística. Lembro-me como se fosse hoje, eu, chefe dos coroinhas, organizando todo material litúrgico para santa missa. Eram 13 dias de celebração, e, enfim, chegava o dia 13 de junho, dia de Santo Antônio. Nessas e outras celebrações eucarísticas especiais não podia faltar o rito com o turíbulo. O turíbulo é um objeto litúrgico, geralmente de cor prata ou dourado, com três hastes na qual o sacerdote segura e dentro dele é colocado a brasa. Com a brasa a todo vapor é adicionado o incenso, uma substância resinosa e aromática que ao primeiro contato com a brasa é queimado, e sua fumaça exala um cheiro agradável. Era como se fosse música para meus ouvidos, aquele rito. E o sacerdote dizia: Assim ó Deus, como sobe a fumaça desse incenso, suba até vós, as nossas preces. Tudo parecia caminhar para mais um missa solene; material litúrgico arrumado, toalha no altar, tudo no seu devido lugar. Quando a missa se inicia, percebi que havia me esquecido de algo, mas não lembrava o que. De repente já no altar, com bispo, sacerdotes, ministros da eucaristia e coroinhas reunidos. Percebi que havia me esquecido de queimar o carvão para o rito com o turíbulo. Faltava pouco para o início do rito. De repente me afastei do altar, deslocando-me até a sacristia; tirei minha túnica, e como não havia mais tempo hábil para fazer a brasa, introduzi carvão com pedaços de vela e ali mesmo tentei acender. A hora do rito é chegada, e o sacerdote me solicita o turíbulo. No entanto, algo de inusitado acontece, não sabia que o carvão adicionado a pedaços de vela, transforma-se num fumaceiro dos infernos. De repente, todo altar se encontra fumaçado, com um cheiro nada agradável, antes mesmo da colocação do incenso. Foi bispo tossindo, padre saindo, ministro perdendo a respiração, coroinhas correndo; um verdadeiro pandemônio. De repente o sacerdote com aquele olhar nada amigável, direciona-se para mim, e pergunta o que havia acontecido de errado. E eu, para não ficar sem resposta, disse que era carvão de péssima qualidade. Enfim, a aquele verdadeiro fumaceiro, com certeza nossas preces chegaram a Deus.
Luiz Carlos Souza Santos
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