Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O GRÃO DE CARINHO
ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA

Em uma grande indústria de beneficiamento de grãos, dentre dezenas de operários, trabalhava Benedito. Respeitado e querido por todos recebera o apelido carinhoso de seu Bené. Mais recatado do que brincalhão, saía de casa antes que o filho estivesse acordado, e quando voltava, à noite, ele já estava dormindo. Abraçava e beijava dona Sônia que sempre o esperava com todo amor.

Uma coisa andava incomodando a cabeça de seu Bené: ele só convivia realmente com o Pedrinho aos domingos. Era a sua folga. E os outros dias era só trabalho. Apesar da dureza na fábrica não poderia largar o emprego porque era dali que tirava o sustento da casa e do colégio. Durante a sua ausência dona Sônia tomava conta do moleque. Ia deixar e buscar no colégio, ajudava nas tarefas... mas nunca supria a ausência do pai. É tanto que, com a admissão nesse emprego, Pedrinho caíra de rendimento escolar, e vivia pelos cantos, calado, muitas vezes surpreendido com lágrimas nos olhos. Dona Sônia não sabia o que fazer.

Sabedor do problema, Bené esperou ansiosamente o domingo próximo. Nesse dia conversou bastante com Pedrinho. Brincou, bateu bola... Foi um dia bastante agradável. Toda a atenção estava concentrada nele. No começo da noite entregou ao filho um pequeno pacote de castanha, “souvenir” da fábrica. Jantaram juntos. As castanhas foram rapidamente devoradas. Pouco tempo depois, estavam prontos para dormir.
Benedito rezou de mãos dadas com Sônia e beijaram-se. Ele continuou pedindo a ajuda do Espírito Santo para que resolvesse o problema do Pedrinho. Ela já dormia quando ele começou a sentir os olhos pesados. Por fim, adormeceu. Enquanto isso a noite corria fora para receber a manhã que se avizinhava.

A oração havia dado certo. O sonho foi como que real. Resolveu cumpri-lo a partir daquele dia. Tomou o café da madrugada, seguiu na direção da cama do moleque, deu um beijo no rosto e deixou no criado-mudo um grão. Despediu-se da esposa e saiu rumo à fábrica.

Quando o filho acordou, qual não foi sua surpresa! E sucessivamente este ritual era repetido pelo pai. Naquele grão estava a presença dele, e ele já não estava só.

Aproximadamente dois meses depois, o boletim do Pedrinho havia sofrido uma grande transformação. Notas maravilhosas. Tudo por causa de um beijo e de um grão. Não um grão qualquer, um grão sem valor; mas o grão, sacramento de alguém que se faz presença, e se faz presente no coração do filho que ele gerou. Um beijo e um grão de carinho fizeram a diferença. Experimente!

ALMacêdo



Este texto é administrado por: ANTONIO LUIZ MACÊDO
Número de vezes que este texto foi lido: 52814


Outros títulos do mesmo autor

Humor O PÉ DE PÃO ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Contos QUANTO VALE UM SORRISO ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Crônicas O VELÓRIO ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Contos O FANTOCHE ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Contos O GRÃO DE CARINHO ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Contos A FORMIGUINHA E A ESTRELA ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Contos A MAIOR PERDA ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA
Poesias ROTINA ANTONIO LUIZ MACÊDO E SILVA

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 31 até 38 de um total de 38.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
🔴 Atila, o rei dos energúmenos - Rafael da Silva Claro 25 Visitas
RH ruins e etaristas - Vander Roberto 19 Visitas
87 anos da morte de Noel Rosa - Vander Roberto 18 Visitas
🔴 Os esquerdistas invadem a América - Rafael da Silva Claro 16 Visitas
O desatre no RS em Maio/2024 - Vander Roberto 14 Visitas

Páginas: Primeira Anterior