RELÍQUIA DE SAUDADE
Eu sou mais infeliz que um emigrante,
Que deixa os seus parentes, à partida!
Depois, lá numa terra tão distante,
Procura melhorar a sua vida…
Embora sinta a mágoa e a nostalgia,
Por se exilar do seu torrão natal,
Tudo suporta, só porque confia
Que voltará! Seu canto é sem igual…
Trabalha, noite e dia, sem cansar:
Quase esgotado, tem a sensação
Que brevemente possa regressar,
Trazendo aos seus carinho, amor e pão!
Aguardam-no mulher e alguns filhinhos,
Frutos queridos do seu grande amor!
- Ai, como estarão todos crescidinhos!
Pensa, ditoso, o bom trabalhador.
Porém, a confiança que ele tem,
Vai-lhe dando vigor para lutar!
Que falta esta me faz, meu doce bem!
Sozinho só me resta vacilar!...
Recordo, com saudade, essa ternura
Que, sem ser minha, eu sempre via em ti!
Eis a razão da triste desventura
Que me subjuga, e ainda não venci…
Que terna confiança me inspiraste!
Não te abandonará minha amizade!
Relíquia inesquecível me ofertaste,
Dizendo: - É pobre, mas é de vontade…
Acompanhar-me-á, suavizando
Este martírio, que não tem mais fim!
À medida que o tempo for passando,
Como te lembrarei, doce jasmim…
|