RECORDAÇÕES SÃO VIDA
No princípio do fim, sonhar contigo,
É regressar às ternas ilusões,
Pensar que tenho vida, ingenuamente.
Como vai longe o tempo em que um abrigo,
Doce união dos nossos corações…
Então fui tão feliz… porque era gente!
Alegre, caminhei, mesmo ao teu lado;
Levavas ao colo uma criança…
Às tantas… enlacei tua cintura!
Ressurreição confusa dum passado…
Loucamente vibrei, com tal lembrança:
Se era imprudência, havia amor, ternura!...
Seguíramos caminhos tão diversos:
Já déramos a outrem nossas vidas,
Porém este momento era sublime!
Chocam-se os sentimentos tão adversos!...
Dever e amor, em lutas fratricidas,
Acusam-se; Eu, porém, não vejo o crime!
Por uns instantes de felicidade,
Mesmo fictícia, tudo vale a pena!
Que nos importa grite a multidão?!
Não podemos sempre a verdade!
Bem melhor desprezar quem nos condena,
Que sufocar o próprio coração!
Foi o que fiz: notei tua anuência…
Quiçá, entusiasmo, em partilhar
Algo, que já lá ia, tão distante…
Fugir, temendo alguma consequência?
Oh, nunca! Pois irei decepcionar
Aquela que se dava, delirante!...
Todavia, acordei; foi-se a quimera!
A mocidade vã me abandonou,
E, sonâmbulo, entrei no dia a dia!
Querida: mesmo em sonhos, quem me dera
Ver este oásis, que me visitou…
E desfrutar da tua companhia!...
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