Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Ah, os nossos empresários - II
Cláudio Thomás Bornstein


Eu trabalhava para uma instituição que estava fazendo um estudo para as empresas de ônibus do Rio de Janeiro. A ideia era dar sugestões para um uso mais eficiente do transporte público e um dos problemas identificado foi a longa fila para entrar no coletivo. Como a roleta ficava muito perto da porta de entrada, o espaço era exíguo, de forma que para um novo passageiro entrar era preciso um outro passar pela roleta e esta operação levava tempo o que explicava a fila. Devo acrescentar que tudo isto se passa em uma época em que não havia bilhete único, cartão de idoso, gratuidades, etc. o que tornava o serviço ainda mais lento.

A sugestão óbvia era deslocar a posição da roleta mais para o meio do carro. Foi feita uma reunião com os empresários explicando a proposta. A rejeição foi imediata e a oposição enérgica. Argumentou-se que a evasão, isto é, passageiro sem pagar, ia aumentar muito, causando prejuízo.

Para verificar se a objeção tinha fundamento resolveu-se montar um experimento, colocando um ônibus para rodar alguns meses nas condições preconizadas, isto é, com a roleta deslocada. O veículo foi monitorado e findo o período de teste verificou-se que, de fato, a evasão aumentava um pouco, mas que isto era largamente compensado pelo aumento do número de passageiros transportado. Ou seja, face ao menor tempo de espera nas paradas, para igual período, o ônibus do protótipo levava mais pagantes, o que aumentava a receita.

Nova reunião para explicar os resultados do experimento. Não adiantou. Mais importante que o aumento do lucro era a demonização da evasão. Alguém entrar no coletivo, viajar e não pagar, era pecado que não podia ser permitido de forma nenhuma. Que o custo do pecado fosse pago pelo empresário e pelos outros passageiros, por aqueles que nada tinham a ver com a evasão, pelo trabalhador ordeiro que só queria chegar logo no serviço, isto era secundário!


Biografia:
Para mais informações visite o blog CAUSOS em www.ctbornst.blogspot.com.br. Querendo fazer comentários, mande e-mail para ctbornst@cos.ufrj.br
Número de vezes que este texto foi lido: 61406


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas A mendiga e a galinha Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Amante e cunhado Cláudio Thomás Bornstein
Frases Regra e exceção Cláudio Thomás Bornstein
Frases Estímulo ou repressão? Cláudio Thomás Bornstein
Frases Sexo e obrigação Cláudio Thomás Bornstein
Frases Amor e sexo Cláudio Thomás Bornstein
Frases O simples e o complicado Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Vendedora de feira Cláudio Thomás Bornstein
Poesias Natureza x Civilização Cláudio Thomás Bornstein
Frases O hábito faz ou não faz o monge? Cláudio Thomás Bornstein

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 86.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
SILHUETA - MARCO AURÉLIO BICALHO DE ABREU CHAGAS 61504 Visitas
Sacra analogia do drama - Flora Fernweh 61499 Visitas
CORDEL DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - Manoel Messias Belizario Neto 61498 Visitas
Hoje - Waly Salomão (in memorian) 61498 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 61496 Visitas
Mulheres - Ana Maria de Souza Mello 61495 Visitas
sei quem sou? - 61492 Visitas
O estranho morador da casa 7 - Condorcet Aranha 61492 Visitas
A ELA - Machado de Assis 61492 Visitas
Tirem-me daqui! - Cláudio Thomás Bornstein 61491 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última