O quadro
O pobre diabo se manteve sentado
olhos fixos em minha direção,
um quase sorriso no rosto quadrado;
um pequeno cajado em uma das mãos.
Mirei os olhos em qualquer lugar
incomodado com a pequena criatura,
acendi um cigarro sem vontade de fumar
e tentei me esconder na fumaça escura.
O sujeito sob o chapéu Panamá
emergia de um mundo em cores,
melancolia no ar,
ausência de perfume em flores.
Assombrei-me quando pude ouvi-lo respirar
agora mais próximo me parecia,
ensaei assoviar
mas só um sopro fraco saía.
O vento frio passeia pela sala
alimentando minha agonia
e o pobre diabo não só me encara
mas também me desafia.
Ao que minha alma é toda tomada,
insana,a mente se rebela,
volto a mim já na sacada
atirando um Van Gogh pela janela.
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